Os mais de 800 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo podem finalmente respirar de alivio e o trabalho promete regressar em força, dentro de poucos meses, ao maior construtor naval português que, só num contrato para a Venezuela, vai encaixar mais de 130 milhões de euros com dois navios asfalteiros. O negócio foi firmado sábado na presença de José Sócrates, e resultou de intensas negociações nos últimos dias entre as mais altas instâncias do governo de Hugo Chavez e os administradores dos ENVC.
Tratam-se de dois navios aslfateiros, de 27 mil toneladas e 188 metros de comprimento, destinados a suprir as necessidades daquele pais sul-americano para a exportação de asfalto, um derivado de petróleo, e que é transportado a altas temperaturas (200 graus centigrados). Entre outras características, os navios terão uma boca de 28 metros, com um calado de 9,5 metros e velocidade máxima de 15 nós. Todo o projecto técnico destes navios, considerados de última geração, será desenvolvido em Viana do Castelo e já respeitarão normas internacionais, nomeadamente, de emissão de gases, ruído e tratamento de água de lastro. Segundo a calendarização deste contrato, a que a Geice FM teve acesso, está prevista a entrega do primeiro navio dentro de 36 meses e o segundo daqui a 45 meses. Durante este período, e como contrapartidas do negócio, um conjunto de 24 técnicos e engenheiros venezuelanos vão acompanhar a construção em Viana do Castelo, recebendo ao mesmo tempo formação, no âmbito da transferência de competências para aquele País, na área da construção naval. A negociação foi ultimada antes da visita de Sócrates pelo próprio administrador dos ENVC, Jorge Rolo, além de outros dois representantes da empresa de Viana do Castelo, detida exclusivamente por capitais públicos. Fechado mais este negócio, a administração pretende abordar os trabalhadores de forma a apelar a um espírito de “ainda maior responsabilidade”, tendo em conta a reestruturação interna que se avizinha e a “necessidade máxima”, por questões de imagem internacional, “cumprir escrupulosamente todos os itens do contrato”, nomeadamente os prazos de entrega, explicou fonte da empresa. A mesma fonte acrescentou que além de elevar a anterior débil carteira de encomendas dos estaleiros, este negócio vai permitir o regresso das empresas sub-contratadas aos ENVC. Isto tendo em conta o volume de trabalho que começa a ser perspectivado nesta altura, tendo em conta que além deste negócio e dos 500 milhões de euros em encomendas para a Armada, também este mês a actual administração conseguiu fechar o negócio com um armador grego para a construção de dois ferries (130 milhões de euros).