O escritor António Manuel Couto Viana, 87 anos, morreu esta terça-feira à tarde no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse fonte próxima da família. O escritor, natural de Viana do Castelo, residia há cerca de dez anos na Casa do Artista, em Lisboa, foi internado naquele hospital “nos últimos dias, devido a problemas num pé que se agravaram, vindo a falecer”, disse a mesma fonte. António Manuel Couto Viana nasceu em 1923 em Viana do Castelo, o mais novo de três irmãos, no seio de uma família muito ligada às letras e as artes e de tradição monárquica. Aventurou-se pela literatura, em especial a poesia e o texto dramático (destinado a diversas idades), ainda muito jovem e tinha no Teatro Sá de Miranda, na sua terra natal, quase uma segunda casa. Mais tarde, nos seus 20 anos, mudou-se com a família para Lisboa e rapidamente se integrou nos meios intelectuais e artísticos da capital
O último livro de António Manuel Couto Viana, poeta, contista, ensaísta, actor, dramaturgo, encenador e figurinista, foi um volume de contos pícaros com o título “O que é que eu tenho Maria Arnalda?”, em Setembro de 2009. “Bichos diversos em versos” tinha sido publicado em 2008, e era o terceiro livro de poesia para crianças, com ilustrações de Afonso Cruz. Em tempos mestre de cena do Teatro S. Carlos, Couto Viana pertenceu ao grupo Távola Redonda e esteve ligado à formação de companhias de teatro, designadamente o grupo Gerifalto e o Teatro da Mocidade. Por intermédio de David Mourão-Ferreira estreiou-se como actor e figurinista em 1946 no Teatro Estúdio do Salitre, em Lisboa, mas já anteriormente tinha dado os primeiros passos no teatro de família, o Sá de Miranda, em Viana do Castelo. Em 1948, estreou-se na poesia com o livro “O avestruz lírico”, tendo desde então publicado vários títulos. Entre 1950 e 1954 dirigiu, com David Mourão-Ferreira, Luiz de Macedo e Alberto de Lacerda, os cadernos de poesia Távola Redonda, e mais tarde a revista cultural Graal, tendo ainda feito parte da redacção da revista Tempo Presente (1959-1961). Couto Viana integrou também a direcção do Teatro de Ensaio (Teatro Monumental) e da Companhia Nacional de Teatro. Encenou óperas para o Círculo Portuense de Ópera e Companhia Portuguesa de Ópera e foi orientador artístico da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra. Ao longo da sua carreira foi distinguido com vários prémios literários.