O presidente da Câmara de Esposende acusou o Governo, em declarações à Geice, de ter andado “a brincar” com os autarcas servidos pelas três SCUT do Norte ao “prometer” durante meses que teriam uma palavra a dizer neste processo mas avançando “sem nada ceder”. Por isso, a Câmara de Esposende, município servido pela A28, deverá avançar sozinha com uma providência cautelar para tentar travar as portagens. “Os autarcas foram levados neste processo. Apresentamos vários pedidos e o que é que conseguimos? Nada!”, afirmou, inconformado, João Cepa (PSD).
Lembra que apesar das várias reuniões com os autarcas servidos pela A28, desde a colocação dos pórticos para cobrança, que se percebeu a intenção do Governo: “Há meses que estava decidido e planeado. Disseram-nos que estavam disponíveis para analisar caso a caso. Mas isso foi apenas para nos entreter, para Inglês ver”. Entre as propostas apresentadas pelos autarcas da região “e que não foram atendidas”, Cepa recorda a figura do utilizador frequente, ou seja quem precisa de recorrer diariamente à A28 ou a introdução das portagens em simultâneo em todas as SCUT. “Nós não conseguimos nada disto, nada do que defendemos. Até os troços com isenção são óbvios, no rio Lima e no Cávado, onde não há solução para os pesados atravessarem”, afirma, revoltado, o autarca de Esposende. João Cepa diz que ainda esta semana vai decidir se avança sozinho com uma providência cautelar para tentar travar o processo, à semelhança da intenção anunciada por outros colegas autarcas, servidos pelas restantes SCUT. No caso da A28, só Esposende parece estar disponível em avançar para os tribunais, alegando a falta de alternativas àquela via. “Infelizmente seremos nós, sozinhos, porque os outros colegas não quiseram. Mas isso é com eles, talvez porque concordam com as portagens ou porque não querem melindrar o Governo. Da nossa parte vamos usar todas as armas”, lamentou, dizendo ainda: “Nunca houve grande abertura dos colegas para a nossa proposta de salvaguarda e prever avançar para os tribunais. Tentou-se apenas o diálogo e deu no que deu, ou seja em nada”. E como tal, acrescenta: “Andamos muito tempo a ser enganados pelo Governo. Disseram-nos que seríamos parte interventiva na definição do modelo e até da decisão e afinal estivemos a fazer figura durante este tempo todo porque temos um Governo que não tem a mínima sensibilidade para os problemas que as pessoas e as empresas desta região atravessam”.