A “primária” de Vila Mou, a poucos quilómetros da cidade de Viana do Castelo, tinha a sua sorte há muito traçada. Com menos de vinte alunos, escapou ao fecho há dois anos. De 2010 não passa. “Faltava-nos uma criança. Andamos a correr a freguesia e encontramos uma que os pais levaram para a escola mais perto do trabalho. Fico em Vila Mou e conseguimos que a escola aguentasse. Mas agora lá vai”, conta, emocionada, Simone, mãe de Rafael, de nove anos, aluno da escola. “Menos sorte terá o meu outro filho, o Tomás, que nunca chegará a entrar na escola onde todos nós andamos. Vai este ano para o primeiro”.
É que em Vila Mou terminaram as aulas, este ano, 19 alunos. Em Setembro seriam 17. “Agora, em termos de serviços públicos, já só temos a Junta. Aguentamos o tempo que foi possível, na esperança de arranjar mais crianças. Não deu e a escola acabou”, comentou, laconicamente, o autarca local. Filipe Costa diz que o tempo é de olhar para o futuro. “Há projectos para aquele espaço. É um edifício com mais de 50 anos e para a cantina já temos uma ideia de apoio ao domicilio. Para o resto também, mas é segredo”. Numa aldeia com cerca de 530 habitantes, Lúcia é auxiliar na escola e não se conforma: “Cantiga do melhor que há, internet, actividades, duas boas salas. O que é preciso mais? Agora até eu vou mudar. Vou para a rua”. Estes alunos vão agora para o Centro Escolar de Lanheses, com as autarquias a suportarem o aluguer de um autocarro de 20 lugares. Ainda assim António Silva, um emigrante em França de férias na terra, não se convence. “Estamos a perder tudo. Não é por mim, é por quem fica aqui e que como eu, depois, tem que partir”.