Os funerais dos três trabalhadores de Arcos de Valdevez que morreram num acidente de viação em Espanha, na Segunda-feira, deverão realizar-se esta quarta-feira, logo que ultrapassado o processo de trasladação, apurou a Geice. A morte de Rui, Armando e Fernando levou a consternação à pequena aldeia de São Tomé de Aguiã, de onde os três eram naturais e de onde partiram na madrugada de segunda-feira com destino a Espanha, horas depois de terminada a festa da terra.
“Informamos que devido aos acontecimentos desta manhã, a festa dos emigrantes de hoje está cancelada”, ouvia-se, pouco depois, no som das colunas da igreja, que por estes dias estava engalanada. “Parece impossível, o Rui ainda andava aqui no domingo a distribuir água no desfile e agora já não está cá”, desabafava Diamantino, de olhos postos na casa de “Tia Tina”, octogenária que tinha no filho Rui a única companhia, sempre que estava em Portugal. Há anos que os dois irmãos trabalhavam no ferro em vários pontos de Espanha, sobretudo na construção de pontes. A notícia deixou em choque a freguesia, de onde eram naturais os dois irmãos e o colega, e obrigou a cuidado especial com a mãe, que os via partir a cada quinze dias, para o trabalho em Espanha. Só a meio da tarde duas psicólogas da Câmara de Arcos de Valdevez e duas filhas conseguiam dar a notícia à mãe. “Os meus ricos filhos”, conseguia-se ouvir, pouco depois, do interior da casa. Enquanto isso, Guilherme, o filho de Rui, de 16 anos, não se conformava: “O meu pai, o meu pai”, tentava gritar, ao mesmo tempo que a mãe, Vera, a ex-mulher, o apoiava junto à casa da avó.