Depois da crise do verão, com os incêndios, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) já se antevê a crise do Inverno, com a falta de alimento para os animais, sobretudo de criação. É o caso do Soajo, em Arcos de Valdevez, uma das últimas terras do parque com intensa actividade de pastorícia e que viu a serra desaparecer em pouco mais de uma semana. Com o fogo desapareceu também o alimento para o gado.
“É uma calamidade em todos os sentidos. Não há verde e não alimento para os animais. Os criadores vão ter que gastar fortunas para ir buscar ração a Espanha e não sei se vão aguentar mais este choque”, começou por apontar o autarca do Soajo, Manuel Costa. Só naquela freguesia há mais de 800 cabeças de gado bovino e 200 equídeos, além de algumas centenas de ovelhas e cabras. “O fogo levou os terrenos privados, os pastos, os cultivos, enfim a serra toda. Os criadores de gado simplesmente não vão ter como alimentar os animais, porque até os palheiros com feno guardado foram. Vai ser outra desgraça quando chegar o Inverno”, sublinhou o autarca. Assim, garante, pastores e produtores de gado terão que comprar todo o alimento do Inverno, o que pode representar mais um duro golpe naquela actividade no Soajo, uma das últimas freguesias do parque ainda voltada para a pastorícia. “Ainda temos uma importante actividade. Mas o certo é que depois dos atrasos de anos no pagamento das indemnizações dos ataques do lobo temos os ataques do fogo. Vai ser muito difícil para continuar”.