Se alguém vive com intensidade aquela que é considerada a “Rainha das Romarias” são as gentes da ribeira de Viana do Castelo, para quem a agonia muitas vezes vivida em alto mar é mais do que uma palavra: É também o nome da sua santa padroeira. Juntam-se esta noite de quinta-feira, que antecede a procissão ao mar, para enfeitar as ruas da ribeira com os tapetes que serão percorridos no dia seguinte pelos andores, no regresso do passei pela foz do Lima. O trabalho prolonga-se durante toda a madrugada com uma acesa “disputa” no enfeitar de cada uma das cinco ruas da ribeira, prova do bairrismo com que aquelas gentes ainda vivem a tradição.
Outrora uma forte comunidade piscatória, a memória ainda permanece bem viva, dai que os motivos representados pelo chão estejam quase sempre relacionados com o mar. Os tapetes são confeccionados à base de sal, tratado para obter várias cores, bem como com flores, verdes e muitos utensílios de pesca, como dezenas de redes ou miniaturas de barcos. Apenas em sal, cada rua pode usar entre sete a dez toneladas daquele material. No apoio ao trabalho não faltam os mais novos, alguns que mesmo já não vivendo na Ribeira fazem questão de nesta noite se juntarem à família. A toda a esta azáfama assistem sempre centenas de forasteiros que se perdem pelas tasquinhas da ribeira, animadas durante toda noite com concertinas e cantares ao desafio, além de centenas de curiosos que se juntam simplesmente para assistir. No dia seguinte os tapetes podem ser apreciados, mas durante poucas horas já que depois do regresso da procissão ao mar e ao rio, durante a tarde, os andores da Senhora da Agonia, S. Pedro e de Nossa Senhora dos Mares percorrem aquelas ruas desfazendo o trabalho de toda uma noite. Quanto à festa decorre ainda até domingo.