Uma delegação da Venezuela visita na próxima semana os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), para aferir da possibilidade de adquirir o navio Atlântida, informou hoje o coordenador da Comissão de Trabalhadores daquela empresa. Segundo António Barbosa, esta visita surge na sequência da deslocação, em maio, do primeiro ministro José Sócrates à Venezuela, em que foi aventada a hipótese de o Atlântida rumar para aquele país. “Para a semana, vem uma delegação da Venezuela ver o navio, analisar a hipótese de o adquirir”, referiu António Barbosa.
O Atlântida foi encomendado pelo Governo dos Açores, está pronto e deveria significar um encaixe de 46,4 milhões de euros para os ENVC, mas em abril de 2009 o cliente anunciou que desistia do contrato, por o navio apenas atingir 16,5 nós de velocidade, quando deveria conseguir pelo menos 18. O navio, considerado de luxo, está desde então atracado na doca dos ENVC, à espera de um eventual comprador. Segundo o representante dos trabalhadores dos ENVC, têm aparecido “muitos interessados” na compra do navio. “Só que alguns querem levá-lo de borla”, ironizou.Enquanto não encontram comprador, os ENVC têm encargos anuais de 500 mil euros com a manutenção do navio.Para António Barbosa, esta é uma situação que “não ajuda em nada” a empresa a sair da complicada situação financeira em que se encontra.Os ENVC fecharam as contas de 2009 com um prejuízo de 22,2 milhões de euros, sendo então o passivo acumulado de 137 milhões de euros.Hoje, a Comissão de Trabalhadores foi expor esta e outras preocupações com o futuro da empresa à Câmara, tendo sido recebidos pelo presidente e pelo vice presidente da Autarquia, José Maria Costa e Vítor Lemos, respetivamente, ambos antigos quadros daquela empresa de construção naval.José Maria Costa garantiu que a Câmara “tudo fará para que os ENVC vençam mais um desafio, numa altura em que a crise mundial atinge todos os setores”.O autarca sublinhou que aquela é uma empresa “estratégica” para o concelho, região e país, pelo que a Câmara “continuará a evidenciar junto da administração e do Governo a necessidade deste setor da actividade económica, e em especial os ENVC, continuarem a ser apoiados”.