A massa produtiva dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo poderá em breve não ultrapassar o meio milhar de trabalhadores, ou seja menos cerca de 230 do que o actual, num cenário que, não passando de simples conjectura, é admitido entre dentes, por trabalhadores e administradores, tendo em conta o reajustamento que se perspectiva para reforçar a capacidade competitiva do maior construtor naval português.. “500 Trabalhadores é uma boa marca porque podem dar trabalho a mais mil ou dois mil em subempreitadas especializadas que os ENVC não têm”, advertiu, esta sexta-feira, António Barbosa, presidente da Comissão de Trabalhadores. No entanto, o dia foi de festa, com o contrato para a Venezuela, de 155 milhões, finalmente assinado.
Em causa está o plano de viabilização dos Estaleiros, cuja nova administração deve apresentar até ao final do ano ao Governo e que poderá passar pela aposta na componente industrial e redução de postos de trabalho. “Não posso assegurar a manutenção de todos estes postos de trabalho. Pode vir a ser equacionada no estudo de viabilização que vai ser feito”, assegurou Carlos Veiga Anjos, admitindo as vantagens de tornar a empresa mais próxima de outras do género, através da privatização, já prevista. “É muito difícil vivermos sozinhos. Estarmos com uma entidade mais evoluída do que nós será bem-vindo e têm aparecido interessados”, explicou Carlos Veiga Anjos, administrador, num dia que foi de festa em Viana do Castelo. Ontem, ao fim de oito anos de negociações, os ENVC, que praticamente têm a sua capacidade produtiva a cerca de 30% devido à falta de novas encomendas, fecharam finalmente a construção de dois navios asfalteiros de 27 mil toneladas para a PDVSA Naval, filial da Petróleos da Venezuela SA. O contrato de 155 milhões de euros foi firmado com a presença de elementos da empresa venezuelana e do Governo Português, mas para já apenas a fase de desenho vai começar a ter trabalho, já que o projecto será totalmente nacional, mas com o apoio de técnico venezuelanos, no âmbito de partilha de tecnologia. “Este é o caminho que mostra que os ENVC têm futuro e são viáveis. Os tempos não estão fáceis, é verdade, mas este não é o momento para a lamúria ou para o protesto inconsequente”, lembrou o secretário de Estado da Defesa Nacional, Marcos Perestrello.