É mais um episódio “que não dignifica” o país. É assim que António Barbosa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo reage ao facto da empresa holandesa Damen ter vencido o concurso público para a construção de dois ferries destinados a empresa açoriana Atlânticoline, a mesma que se recusou a ficar com o Atlântida, construído nos Estaleiros vianenses. Para além da Damen, candidataram-se a este concurso cujo valor ascende a 15 milhões de euros, mais um estaleiro português do Grupo Martifer e dois espanhóis. Para António Barbosa este foi um processo que não foi conduzido com transparência, já que o concurso foi “feito à medida” da Damen.
Refira-se que é prática comum dos países europeus exercerem alguma protecção à própria indústria naval, havendo casos recentes desse tipo de práticas em Espanha, França e Itália, legitimadas pela necessidade de criar postos de trabalho e evitar aumentos da dívida pública externa. A própria Antlânticoline já tinha deixado em 2009 os Estaleiros Navais vianenses em “maus lençóis” depois de ter rescindido o contrato com a empresa alegando que a embarcação não atingia a velocidade contratualizada.