Os efeitos da crise e da “paralisia” do sector da construção quer em Portugal, quer em Espanha, foram debatidos esta sexta-feira em Vigo, no Conselho Sindical Inter Regional Galiza/Norte de Portugal. Foram ainda discutidos os “caminhos a percorrer”.
Segundo adiantou o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Construção e Afins da Região a Norte do rio Douro, José Maria Ferreira, o encontro reúne 60 dirigentes sindicais das quatro confederações sindicais das duas regiões (CGTP-IN, CC. OO., UGT/P e UGT/Galiza). A representação da CGTP-IN é assegurada por 12 dirigentes do seu sindicato, participando ainda Adão Mendes, coordenador da União dos Sindicatos do Distrito de Braga e presidente do Conselho Sindical Inter Regional Galiza/Norte de Portugal, e Branco Viana, coordenador da União dos Sindicatos de Viana do Castelo. Segundo disse José Maria Ferreira, um dos assuntos em cima da mesa foi a obrigatoriedade de carteira profissional em Espanha a partir de 2012 para todos os trabalhadores, independentemente do seu sector ou profissão. “No caso concreto da construção isto vai dificultar a situação dos trabalhadores portugueses em Espanha, porque a maioria não tem carteira profissional, apesar de terem experiência e de não ser um papel que lhes vai dar os conhecimentos”, afirmou. Mais do que a obtenção das carteiras profissionais, José Maria Ferreira destaca o problema do necessário “reconhecimento dessas carteiras por parte das entidades dos outros países”, que será previsivelmente mais complicado no caso dos trabalhadores imigrantes. Branco Viana, coordenador da União dos Sindicatos de Viana do Castelo, diz que o debate serviu para debater a crise no sector da construção civil.Também a questão do TGV e de uma plataforma de transportes transfronteiriça foi debatida neste encontro . Isto porque, segundo José Maria Ferreira, a fronteira luso-espanhola, “nomeadamente entre Valença e Melgaço”, é atravessada diariamente por mais de 5.000 trabalhadores. “E, embora seja discutível o custo de determinadas obras como o TGV, entendemos que, ficando ligação de TGV entre a Corunha e Vigo pronta até 2013, não faz sentido nenhum que, a escassos 30 ou 40 quilómetros de Portugal, as coisas parem por ali. Isto implicaria a criação de muitos postos de trabalho e condições para movimentar toda esta gente que não tem emprego no nosso país”, sustentou. Segundo salientou, a situação do sector em Portugal está “muito complicada, porque as associações patronais praticamente congelaram os salários e não há emprego”, tendo-se perdido “mais de 120 mil postos de trabalho” entre 2009 e 2010 e falido cerca de 300 empresas no ano passado, “só a norte do Douro”.