Galiza perdeu nos últimos dois anos mais de 7500 postos de trabalho na construção naval, revelam os últimos números oficiais, dos quais “largas centenas” serão portugueses, admitiu à Geice, o coordenador da União de Sindicatos de Viana do Castelo, Branco Viana.
Nesta região operam os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, o maior construtor naval em Portugal, de onde muitos trabalhadores saíram à procura de emprego nas grandes empresas galegas. Em 2008, no apogeu das contratações na Galiza, aquele sector naval empregava mais de 10 mil pessoas, enquanto hoje são 2500. Tal como em Portugal, a quebra nas novas encomendas provocada pela crise e a forte concorrência do mercado asiático são os motivos apontados. Em Portugal os estaleiros galegos procuravam especialistas, sobretudo “da escola” dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, como montadores e soldadores, recorda Branco Viana. Além disso, vários subempreiteiros portugueses instalaram-se na Galiza face ao trabalho disponível, cenário que hoje é radicalmente diferente. Há ainda construtores que abriram falência tendo em conta à falta de encomendas e pouca adaptação para outro tipo de actividade destas fábricas de metalurgia pesada. Além de estimarem em mais de 7500 postos de trabalho perdidos no sector naval, os sindicalistas galegos dizem que das 270 empresas, entre várias dimensões, que operavam em 2008, hoje restam 70.Os maiores construtores navais daquela região autónoma espanhola não atingem actualmente os 700 trabalhadores, e mesmo assim com paragens na laboração. O mesmo número de profissionais que operam nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que há poucos anos operava com quase o dobro. O noroeste da península ibérica, entre Norte de Portugal e Galiza, já teve um dos mais importantes clusters da construção naval europeia, mas, como admitem os sindicalistas, luta agora pela sobrevivência.