Algumas centenas de pessoas marcaram hoje presença no funeral do único dos nove pescadores que seguiam a bordo do “Ana da Quinta” recuperado do mar, mas que serviu como despedida dos restantes. Face às reduzidas hipóteses de recuperar os corpos dos restantes oito pescadores, cinco também de Vila Praia de Âncora e três de nacionalidade indonésia, e já sem qualquer operação de busca a decorrer há vários dias, as seis famílias portuguesas juntaram-se na despedida.
Ao lado da urna do pescador foi colocada uma placa com as fotografias dos seis pescadores de Vila Praia de Âncora que seguiam no pesqueiro, fazendo deste funeral uma espécie de despedida de todos. “Nestas coisas, o mais complicado é quando não se recuperam os corpos. Ficam sempre as dúvidas sobre o que aconteceu, como morreram, onde estão”, explicou Vasco Presa, da Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora. Segundo a Marinha, o “Ana da Quinta”, que além dos seis pescadores de Vila Praia de Âncora, era também propriedade de um armador da mesma localidade, terá afundado a 17 de março a 280 quilómetros da ilha das Flores, nos Açores. Apenas um corpo foi recuperado, sendo que a morte dos seis homens faz desta a pior tragédia na comunidade piscatória de Vila Praia de Âncora, actualmente com mais de 200 pescadores. Nos últimos cem anos morreram no mar 41 pescadores daquela comunidade, segundo números da própria associação local, a que se soma agora mais seis, as primeiras mortes em mais de vinte anos.