O ex-candidato presidencial e actual deputado socialista, Defensor Moura, comunicou ao grupo parlamentar a sua “indisponibilidade pessoal” para voltar a ser candidato a deputado nas próximas eleições legislativas, dizendo que, aos 65 anos, vai “para a reforma”. “Não quero ser candidato. Comuniquei isso hoje ao grupo parlamentar do PS e já o tinha feito antes com o secretário-geral do partido, José Sócrates”, anunciou o também ex-presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo.
Defensor Moura garante que esta decisão “nada tem a ver” com o resultado das presidenciais de 23 de Janeiro, em que concorreu sem apoio de qualquer partido, acabando por ser o candidato menos votado, com pouco mais de 1,57% dos votos. “Não tem nada a ver com nada. Eu já sou reformado, fui médico, depois autarca durante 16 anos e já antes tinha decidido sair da Câmara. Agora vou mesmo para a reforma”, confirmou ainda o socialista. Acrescentou que, além de anunciar no grupo parlamentar do PS a sua “indisponibilidade” para as legislativas que deverão ser agendadas nos próximos dias, também fez questão de saudar a “brilhante postura” do líder, Francisco Assis. Aos 65 anos, o percurso político de Defensor Moura foi tudo menos consensual apesar de ter feito história no PS do Alto-Minho que, com ele, ganhou em 1993, pela primeira vez, a Câmara da capital de distrito e reduziu o peso da oposição. Antes ainda de pensar no PS, foi deputado, nos anos oitenta, por cerca de um mês, pelo PRD, experiência que repetiu mas na lista socialista, em 2009. Nas últimas legislativas foi o número 2 pela lista de Viana do Castelo, depois de ter ameaçado concorrer como independente à Câmara, em conflito aberto com a liderança distrital do PS. A corrida a Belém foi mais um capítulo na vida de Defensor Moura, depois de décadas de uma carreira como médico iniciada em Angola onde, antes, exerceu, como sua primeira profissão, as funções de Controlador Aéreo no aeroporto de Luanda, onde chegou, com 21 anos, a chefe de turno da torre de controlo. Causou surpresa no último verão ao anunciar a candidatura à Presidência da República, para “tentar impedir a reeleição de Cavaco Silva” e já este mês optou por sair da Comissão de Honra da recandidatura de José Sócrates à liderança do PS por ter “colocado a regionalização na gaveta”.