O NRP Viana do Castelo partiu esta manhã dos estaleiros daquela cidade, deixando para trás anos de polémicas em torno da construção, mas lançando a empresa pública num novo ramo de negócio. Totalmente concebido pelos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), o navio, o primeiro de uma encomenda de oito do Ministério da Defesa, deixou o Minho com 38 elementos a bordo, mas podia levar seis, os necessários para operar na ponte.
O resto é feito pelos mais avançados sistemas de comando e controlo, expressamente desenhados para o navio. “Para o operar, em condições de navegação normal, só são precisos de seis elementos. Por si só é uma tremenda mais-valia em relação a outros navios do género. As corvetas com que operámos actualmente precisam de 70 elementos”, explicou o comandante do NRP Viana do Castelo. O capitão-de-fragata César Manuel Pires Correia, que lidera uma tripulação de 38 elementos, admite o “orgulho” pelo novo navio, apesar da sua “camarinha” (camarote do comandante) ainda não estar devidamente decorada. “Temos andado em treinos e por isso ainda não houve tempo. Mas já tenho um quadro, oferecido pelos Estaleiros, sobre Viana, que vai lá ser colocado”, garante, sem esconder algum nervosismo. “É natural. É o primeiro, é novo, mas rapidamente vamos ultrapassar qualquer dificuldade”, disse ainda. Este Navio de Patrulha Oceânico (NPO) é um dos mais modernos a equipar a Marinha e foi totalmente construído em Portugal, pelos ENVC. No interior não faltam, além de condições para receber “com todo o conforto” até 67 pessoas, consultórios médicos, cozinha, uma rede interna de computadores ou até um centro de cópias. Com os seus 83 metros de comprimento, pode receber um helicóptero Lynx e está ainda equipado com duas lanchas que podem transportar 25 pessoas, estando a ser estudada a hipótese de criar condições para reabastecer helicópteros em alto mar e assim aumentar o alcance dessas missões. Hoje, enquanto o NRP Viana do Castelo se despedia da doca vianense, às 9;30, o “irmão gémeo”, NRP Figueira da Foz, começava a ser ultimado para seguir a mesma viagem, em Setembro. Concebidos como navios militares não combatente, estes NPO serão utilizados para fiscalização, protecção e controlo das actividades económicas, científicas e culturais ligadas ao mar, além de prevenir e combater a poluição marítima. A viagem que hoje o NRP Viana do Castelo iniciou termina sexta-feira, na Base Naval do Alfeite, onde será recebido, como manda a tradição, por todos os navios do efectivo embandeirados em arco. Na hora da partida de Viana, dezenas de trabalhadores dos ENVC concentraram-se no cais para um último adeus ao navio. “Olha que bonito que ele é a partir”, desabafava um trabalhador, antes de regressar ao serviço.