A Refer já acordou a venda de um antigo bairro de trabalhadores ferroviários de Viana do Castelo, totalmente devoluto, por 1,2 milhões de euros, avançou fonte daquela empresa. Trata-se de um bairro de casas térreas e quintal, no centro da cidade de Viana mas que há mais de vinte anos está desocupado. As casas chegaram a ser alvo de ocupação ilegal por famílias carenciadas, usadas para práticas delinquentes ou até para depósito de lixo.
Em 2009, para tentar travar os abusos no local, a Refer avançou com uma operação de fecho de portas e janelas das habitações. Com o apoio da Segurança Social, foi necessário proceder ao realojamento de um casal que vivia, clandestinamente, numa das habitações há vários anos. Segundo a informação prestada pela Refer, o contrato promessa de compra e venda destes terrenos, de 7.273 metros quadrados, já foi celebrado e aguarda apenas a desafectação dos terrenos do Domínio Público Ferroviário para concluir o negócio. “Permitirá a valorização de um activo que se encontrava praticamente devoluto e que já não tinha interesse para a exploração ferroviária”, explicou fonte da Refer, acrescentando que o projecto imobiliário a implantar no local “está sujeito às condicionantes impostas pelo Plano Director Municipal de Viana do Castelo”. A venda, por 1,2 milhões de euros, será feita a uma empresa de construção civil com sede em Viana do Castelo. “Após a publicação do despacho de desafectação da parcela de terreno do Domínio Público Ferroviário, será assinada a respectiva escritura de compra e venda”, acrescentou a fonte. Com esta decisão chega ao fim uma polémica que durava há vários anos e que levou a Assembleia Municipal de Viana do Castelo a aprovar, em 2006 e por larga maioria, um voto de protesto alegando a atitude “feudalista” da administração da Refer, por manter “praticamente ao abandono” aquele espaço. Os proponentes do voto de protesto, deputados municipais do PS (tal como a maioria que liderava a Câmara), lembravam que as doze casas térreas e o quintal estão “numa das melhores zonas” da cidade, mas “infelizmente” ficaram “completamente degradadas e abandonadas”. Reclamavam da Refer “uma solução exequível, no sentido de alterar a situação e acabar com o foco de insalubridade”.