O presidente da Câmara de Viana do Castelo criticou quarta-feira à noite a administração dos estaleiros da cidade por anunciar a dispensa de 380 trabalhadores na véspera da entrada em funções do novo Governo. “Qual foi a urgência de fazer aprovar isto [plano de reestruturação] num período em que o Governo estava em gestão [14 de junho], e qual a oportunidade de o apresentar um dia antes do novo Governo tomar posse?”, questionou o autarca.
O socialista José Maria Costa falava durante a reunião ordinária da Assembleia Municipal de Viana do Castelo, onde marcaram presença mais de uma centena de trabalhadores da empresa, detida totalmente por capitais públicos. “Não é uma administração cujos estaleiros merecem. Está a ser uma grande desilusão e isto não é forma de recuperar e mobilizar uma empresa, mas sim de tentar descapitalizar do ponto de vista social, de tirar o ânimo”, acusou. “Nunca vi uma apresentação de um plano de viabilização, tal como ele foi feito, num hotel, numa conferência de imprensa, tendo dado conhecimento, cinco minutos antes, por carta, a pessoas que trabalharam dezenas de anos”, criticou o autarca.
José Maria Costa, ele próprio um ex-quadro dos estaleiros, critica a “gala” com que a administração anunciou esta posição e a altura em que o fez. “Não é justo, não foi elegante, não foi correcto. Muito menos numa empresa pública. Nós não estávamos habituados a isto”, disse ainda. Acrescentou que a administração “não tem plano nenhum” para os estaleiros, tendo em conta que apenas prevê despedimentos, mas não aprovou qualquer medida sobre a estratégia ou até mesmo o passivo, que já chega aos 200 milhões de euros. José Maria Costa vai pedir ao Governo um plano de apoio à empresa, semelhante ao adoptado para a indústria automóvel, de forma a permitir a formação técnica de alguns dos trabalhadores enquanto a carteira de encomendas é diminuta. “Mesmo assim não vai ser um processo fácil, vamos ter que ter medidas duras, mas em diálogo com as pessoas”, rematou.