O secretário-geral do Eixo Atlântico diz-se “incrédulo” com o facto de a utilização das antigas SCUT ser possível através de títulos pré-pagos, e “nenhum membro do Governo ter avisado”. “É inacreditável. Um sistema destes, em que seja possível pagar antes de irmos a Portugal, foi sempre o que reclamamos na Galiza, mas aqui ninguém foi informado de nada”, apontou Xoán Mao, responsável do Eixo Atlântico.
Conforme dados avançados por fonte dos CTT, nos últimos cinco meses a empresa vendeu 4.000 títulos pré-pagos para utilização por viaturas estrangeiras nas antigas SCUT, com três modalidades de pagamento previstas. Estão disponíveis títulos válidos para três dias, com o custo único de 20,62 euros e sem qualquer limite de utilização nas três antigas concessões SCUT, no período definido no momento da aquisição. À venda, nos balcões da empresa ou pelo site https://portagens.ctt.pt, estão ainda títulos válidos para cinco dias, mas que funcionam como uma espécie de carregamento. Nas datas definidas pelo utilizador, a cada passagem da viatura é descontado o valor do respetivo pórtico. Segundo os dados avançados pelos CTT, o mais procurado dos três títulos pré-pagos é o expressamente definido para os utilizadores do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, que recorrem às antigas SCUT. Trata-se de um pré-pago válido para uma ou duas viagens “de ou para o aeroporto do Porto via A28 ou A41” e a “realizar nas datas contratadas”, com o custo correspondente à respetiva viagem, explicam os CTT.
A medida entrou em vigor em abril, apresentada pelo então secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, exatamente para colmatar as dificuldades – e protestos – dos galegos. No entanto, a mensagem, afinal, parece não ter chegado ao destino. “Na Galiza não conheço ninguém que tenha usado esses títulos, nunca vi. Para os CTT darem estes números só se estivermos a falar de emigrantes portugueses [com viatura estrangeira] que os compraram. Galegos, duvido”, apontou Xoán Mao. O responsável reconhece que foram feitas tentativas para aplicar um sistema deste tipo, via internet, “mas sem sucesso”. O sistema funciona normalmente, através do site dos CTT, com o pagamento dos títulos – que depois são impressos e acompanham a viatura associada ao pagamento -, feito através de cartão de crédito. “Pode ser que agora esteja a funcionar, mas então porque é que ninguém nos avisou? Se algo não funciona durante meses quem é que vai insistir? E porque é que nas reuniões com o atual Governo, ninguém nos disse nada?”, reclamou Xoán Mao. Acrescenta que se o sistema estiver operacional, o Governo português deve “imediatamente” divulgar a informação na Galiza, para “evitar maiores prejuízos” nas relações económicas entre o norte e aquela região autónoma espanhola. “O nosso problema não é nem nunca foi pagar, mas sim ter uma forma de pagar”, concluiu Mao. Segundo os dados dos CTT, a receita originada por estes pré-pagos entre 01 de abril e 28 de agosto foi inferior a 44 mil euros.