O presidente da Atlânticoline, Carlos Reis, desvalorizou as críticas feitas pelo presidente da Câmara de Viana do Castelo sobre o concurso lançado nos Açores para a construção de dois ferries, reafirmando as condições definidas para as candidaturas. “Entendemos as preocupações do presidente da câmara, que defende o tecido empresarial do seu concelho. É o papel dele, foi eleito para isso, mas nós fomos nomeados para defender os interesses da Atlânticoline e achamos que este concurso defende os interesses da Atlânticoline”, afirmou Carlos Reis.
Carlos Reis reagia à decisão de José Maria Costa, presidente da Câmara de Viana do Castelo, de pedir a intervenção do Governo para avaliar o concurso público lançado pela Atlânticoline, no valor global de 18,7 milhões de euros, alegando que “inviabiliza” o acesso dos estaleiros da cidade. “Não estamos contra os Estaleiros de Viana ou contra os estaleiros nacionais, não estamos contra ninguém”, afirmou o presidente da Atlânticoline, empresa responsável pelo transporte marítimo de passageiros e viaturas entre as ilhas dos Açores. Para Carlos Reis, as condições definidas no concurso “não são um critério de exclusão, mas um critério de selecção”.
“Queremos seleccionar estaleiros de acordo com a sua capacidade técnica e financeira”, frisou o presidente da Atlânticoline, salientando que, mesmo que os Estaleiros de Viana do Castelo concorram a este concurso, “ninguém pode garantir que venham a ser os escolhidos para construir os navios”. “Este é um concurso aberto, concorre quem pode, quem tem capacidade”, afirmou, acrescentando que “não se defende a economia nacional com proteccionismos” como o que foi assumido pelo autarca de Viana do Castelo.
Na origem deste caso está o concurso público que a Atlânticoline abriu na semana passada para a construção de dois navios para operar nas ligações entre Faial, Pico e S. Jorge, nos Açores. Neste concurso, a empresa manteve as condições que existiam no anterior, entretanto encerrado por desistência do único estaleiro convidado a apresentar proposta, e que suscitaram críticas dos estaleiros nacionais.
Também a Associação de Indústrias Navais (AIN) acusou hoje a empresa pública açoriana Atlânticoline de “boicotar” o acesso dos estaleiros portugueses ao concurso para a construção de dois ferries e por isso vai pedir a intervenção do Governo.