Aos 69 anos, António Morais Cunha terminou o curso de Direito e hoje mesmo vai à Universidade Lusíada, no Porto, levantar o seu “canudo”, um momento que aproveitará para fazer a pré-inscrição num mestrado. “O saber não ocupa lugar e, hoje em, dia é cada vez mais importante uma pessoa andar informada e actualizada”, refere o novo licenciado, solicitador desde 1992, com escritórios em Ponte de Lima e Braga. Além do mestrado, que pretende que seja em Direito Penal, António Cunha está à espera que a Ordem abra um estágio para advogados.
Confessa que o seu objectivo não é ir parar à barra dos tribunais para defender causas, mas não descarta essa possibilidade, até pelo à vontade com que se movimenta na área fiscal. “Se estou preparado? Essa preparação será feita com o estágio. Mas, mais do que preparado, eu sinto-me é motivado para aprender, aprender, aprender”, atira. António Cunha fez carreira nas Finanças, tendo chegado a chefe de Repartição. Em 1992, reformou-se e estabeleceu-se como solicitador e, em 2007, decidiu candidatar-se à universidade, para concretizar um sonho que acalentava desde o 25 de abril de 1974. “Fiz os exames de admissão na Lusíada, fiquei e a universidade foi a minha vida nos últimos quatro anos. Foram cerca de 200 quilómetros de estrada todos os dias, que eu praticamente não faltei a uma única aula. Os fins-de-semana passei-os a estudar. Mas valeu a pena”, garante.
Esta “aventura” terminou a 17 de julho, dia em que fez a última prova oral. “Hoje vou buscar o ‘canudo’”, diz ainda, com orgulho. A viagem tem de ser rápida, porque estamos em plena época de vindimas e António Cunha tem 4,5 hectares de vinha ao seu cuidado. “Não vai uva nenhuma para a adega, é tudo fabricado cá em casa”, remata.