Em Vila Nova de Cerveira, o combate à desertificação do interior do concelho é, cada vez mais, uma prioridade. A Assembleia Municipal de Vila Nova de Cerveira aprovou por unanimidade a criação de uma Comissão de Trabalho com o propósito de elaborar um relatório de cariz interventivo ao estudo “Cerveira – Análise e Projeções da População de Vila Nova de Cerveira”, que tem por objetivo avançar com um conjunto de medidas concertadas que, além de propor estancar a perda de população do interior, contribua para a fixação futura de casais jovens.
Segundo o presidente da Assembleia Municipal, Vítor Nelson, o tema “estava há muito tempo para ser discutido, sem tabus, porque diz muito a muita gente”. Tendo como fonte o Instituto Nacional de Estatística, o documento em análise agrega uma radiografia populacional comparativa entre a média dos últimos 18 anos e uma projeção para as duas próximas décadas no Concelho, revelando uma perda muito significativa de população nas seis freguesias mais de interior – Candemil, Covas, Gondar, Mentrestido, Sapardos e Sopo.
O presidente da Junta de Freguesia de Covas, localidade onde aconteceu a Assembleia Municipal, mostrou-se preocupado com o futuro do concelho, pois o documento prevê que, em 2040, a freguesia de Covas tenha apenas cerca de 250 habitantes, contra os 665 registados em 2011. Rui Esteves disse que “o problema precisa de ser encarado com realismo”, realçando que as causas da desertificação do interior do concelho “pouco divergem de outras zonas do país” – como a emigração em meados do século passado, a migração interna, e para o litoral ou para os grandes centros a partir de 1974, com a industrialização, desmantelamento da agricultura.
Perante o interesse e preocupação demonstrada, tendo por base o diagnóstico já realizado, a Assembleia Municipal de Vila Nova de Cerveira decidiu criar uma Comissão de Trabalho que elabore um documento de coesão para operacionalizar medidas concretas de combate à desertificação do interior do concelho.
Esta Comissão de Trabalho terá como missão recolher contributos no seio da comunidade, junto dos deputados municipais, técnicos, associações e instituições, para posteriormente ser apresentada e debatida, em sessões de trabalho com caráter não vinculativo, uma visão estratégica global que ajude a estagnar e, se possível, a inverter esta tendência de desertificação.