Esta tarde, pelas 17:30, a Igreja de Santa Marta de Portuzelo recebe o funeral do bebé de apenas 10 meses de idade que faleceu, na madrugada do passado domingo, no Hospital de Viana do Castelo. Fonte da família explicou à Geice que “todos os exames” suplementares exigidos pelo Ministério Público ao corpo do menino já foram realizados e que o funeral acontece esta tarde.
ecorde-se que, às 00:01 deste domingo, um bebé de 10 meses de idade morreu no Hospital de Viana do Castelo e a família mostra-se revoltada, acusando a instituição de “negligência médica”. No domingo, a família do menino apresentou queixa na Polícia de Segurança Pública (PSP) vianense e, esta segunda-feira, avançou com uma queixa-crime junto do Ministério Público.
Fernando Antunes, avô da criança, explicou à Geice que o bebé sofria de uma cardiopatia congénita, diagnóstico feito quando ainda estava na barriga da mãe, e tem sido acompanhado no Hospital de Viana e no Hospital de São João, no Porto. “Durante a gravidez, devido à sua condição, o menino foi acompanhado no Porto. Mas o caso era conhecido tanto em Viana como no Porto, havia intercâmbio entre os hospitais”, explicou o avô, dizendo que o menino costumava deslocar-se ao hospital vianense para fazer nebulizações.
Em comunicado enviado às redações, a Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) admitiu a abertura “de um processo de averiguação interna para o cabal esclarecimento do ocorrido” mas garantiu que “todo o procedimento foi pautado por corretas atitudes clínicas”. Explicou a ULSAM que a morte do bebé foi declarada este domingo, às 00:01, depois de manobras de reanimação realizadas “durante 30 minutos”, na sequência de uma paragem cardíaca, mas que acabaram por se revelar “infrutíferas”.
O menino estava à espera de realizar uma operação ao coração, numa cirurgia que já tinha sido adiada duas vezes por ele estar doente. Tinha nova cirurgia marcada para a próxima quinta-feira, dia 12 de Março. Na quinta-feira, dia 5 de Março, o bebé apresentava tosse forte, pelo que a família o levou preventivamente ao Hospital de Viana. O menino deu entrada no hospital de Viana por volta das 08:40 de quinta-feira, com tosse mas sem febre. O quadro agravou-se a meio da manhã, quando o bebé começou a sentir febre, tendo o pediatra que acompanha o utente decidido pelo internamento.
Desde sexta-feira que a febre não diminuía e, garante o avô, pediram várias vezes para que a criança fosse transferida para o Hospital de São João, onde o bebé era seguido devido ao problema de coração que sofria. “Não nos ouviram”, lamentou o familiar, acusando ainda o hospital de ter dado a medicação em quantidade errada à criança.
No sábado, o bebé foi transferido do serviço de pediatria para Neonatologia, ainda no Hospital de Viana, segundo o avô. Pelas 21:30, a família voltou a insistir para que a criança fosse enviada para o Porto, explicando que em Viana “não há especialista para o problema de que o meu netinho sofria”. A essa hora, toda a família se deslocou para o Hospital de Viana e, apesar de a ULSAM ter “finalmente” aceite a transferência, pelas 23:30, ainda não tinham saído para o Porto. Quando chegou a ambulância portuense, a criança foi entubada mas a paragem cardio-respiratória, antes que o bebé fosse enviado para o Porto, acabou por ser fatal.
Em comunicado, a ULSAM explicou que se tratava de uma criança com uma cardiopatia congénita, que fora acompanhada no Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital de São João, condição que “condicionou fortemente o seu desenvolvimento ponderal e saúde, com vários episódios prévios de descompensação respiratória”. No documento pode ler-se que “o presente internamento (no Hospital de Viana) deveu-se a um quadro de pneumonia com uma evolução rápida e grave, o que motivou a decisão de transferência para a Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital de São João”.
Segundo a unidade hospitalar do Alto Minho, “o desfecho fatal ocorreu após as manobras de estabilização prévias ao transporte efetuadas pela equipa do Transporte Inter-Hospitalar pediátrico (TIP), encontrando-se o paciente com entubação endotraqueal e ligado a suporte ventilatório”.