A APHORT considera que o discurso eufórico que tem vindo a ser repetido nos últimos dias por vários membros do Governo em torno da ideia de que 2014 foi o melhor ano de sempre para Portugal corresponde a uma atitude imprudente e desfasada da realidade. “Os números fantásticos que o Governo tem apresentado podem servir para impressionar a opinião pública mas revelam apenas o lado bom da realidade, sendo que a atual situação do setor turístico nacional é bem mais complexa, na medida em que estes resultados macro económicos não têm reflexo direto nas nossas empresas”, defende Rodrigo Pinto Barros, presidente da APHORT. Tomando como exemplo a região Norte, em relação à qual o Governo e o INE falam num crescimento de 11% do número de dormidas em 2014 e num aumento de receitas de cerca de 12,8%, a APHORT contrapõe o outro lado da moeda que aparentemente foi esquecido e que corresponde ao crescimento da oferta. Uma consulta rápida aos dados do Turismo de Portugal permite verificar que no ano passado o número de camas em estabelecimentos hoteleiros nesta região cresceu cerca de 9,5%, o que corresponde a aproximadamente mais 3.300 camas. Ora, se há mais 9,5% de camas e as dormidas cresceram 11%, então o crescimento médio efetivo para as empresas da região terá sido de 1,5%. Este número está mais perto de um outro, também fornecido pelo INE, e que tem ficado esquecido na informação estatística que tem vindo a ser anunciada: o indicador que revela que a taxa de ocupação média cresceu cerca de 2,7%. Por outro lado, é ainda necessário salientar que o crescimento de 11% que está em causa é um valor que resulta de uma média, uma vez que no caso da região norte que está a servir de exemplo é evidente que este crescimento não é uniforme e avança a duas velocidades. Quanto às receitas a APHORT lembra também ao Governo que há um outro lado, o das despesas. A este respeito, o Estado, diretamente através de impostos e de taxas e indiretamente através dos aumentos que permite e valida através das Entidades Reguladoras, como é o caso da energia, tem sido muito eficaz em retirar das empresas muito do que é o ganho de atividade. Perante este contexto, a APHORT reconhece que a situação do setor melhorou efetivamente no ano passado, mas de uma forma moderada, pelo que a opinião generalizada de que o turismo nacional vive um período de ouro é claramente errónea.