A Câmara Municipal de Viana do Castelo vai preservar a muralha medieval recentemente descoberta no centro histórico da cidade mas, ao mesmo tempo, vai continuar a realizar obras de requalificação na Travessa da Vitória. Na tarde desta terça-feira, a Câmara de Viana do Castelo reuniu com a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) para definir a melhor estratégia a implementar face à descoberta da muralha medieval, no decurso de obras que decorrem no centro histórico vianense. Maria José Guerreiro, vereadora da Cultura na autarquia, disse que vão continuar as “sondagens” da muralha, para saber tudo o que existe debaixo de terra. No entanto, as obras de requalificação na Travessa da Vitória não vão parar.
O achado é “uma parte” do troço da muralha medieval da cidade e foi descoberto na Travessa da Vitória, em pleno centro histórico da cidade. A estrutura que foi encontrada tem cerca de 2, 50 metros de espessura e é composta por silhares graníticos de grande dimensão, nas faces, sendo o interior do muro composto por pedra não aparelhada, de vário porte, e por argamassa de barro.
“A parte que foi descoberta vai ser estudada pela equipa de Arqueologia”, admitiu a responsável, dizendo que já estão a “estudar” formas de manter a “memória” da muralha mas sem afetar o bem-estar das pessoas que moram na zona. A muralha vai ser mantida no espaço, mas a autarquia está a pensar numa forma de a “musealizar”, para poder mostrar “o que é o achado e a que corresponde” aos vianenses, para que a população entenda “o seu valor”.
Segundo a responsável pela Cultura na autarquia vianense, quando lançaram a empreitada na Travessa da Vitória para requalificação da rua, no mês de fevereiro, os trabalhos preparatórios já apontavam para a possível existência daquela estrutura, pelo que toda a intervenção tem sido acompanhada pelos técnicos do gabinete de Arqueologia da Câmara de forma a cumprir as condicionantes impostas pela Direção Regional de Cultura do Norte. A mostra de muralha foi descoberta na Travessa da Vitória, uma via transitável, que a autarquia pretende manter, para que nem a obra de requalificação da rua nem o achado arqueológico saiam “prejudicados”.
De acordo com a nota da autarquia vianense, “ainda que globalmente a historiografia indique que a decisão de amuralhar Viana pertenceu a D. Afonso III, as primeiras referências escritas à muralha surgem durante o reinado de D. Fernando, razão pela qual se lhe atribui o nome de muralha fernandina”. No documento, o município adiantou que “aquela muralha foi inicialmente construída com quatro portas”. No entanto, “no final do século XV foi aberta uma quinta entrada com o objetivo de possibilitar o acesso ao interior do burgo a partir do cais da Vitória – a porta de S. Brás, mais tarde chamada da Vitória, após a construção da Capela de Nossa Senhora da Vitória”.