Esta quarta-feira, pela primeira vez, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) entregou material apreendido a uma instituição do distrito de Viana do Castelo, numa ação de responsabilidade social. A ASAE entregou para doação 224 artigos, num valor aproximado de 6.000 euros, entre roupa e calçado diverso, ao GAF – Gabinete Social de Atendimento à Família de Viana do Castelo, para que a instituição possa proporcionar a distribuição dos bens por várias famílias carenciadas.
Pedro Gaspar, inspetor-geral da ASAE, disse que os bens agora doados de forma “simbólica” ao GAF são resultado da conclusão de processos relativos a apreensões no âmbito da luta contra a “concorrência desleal” e contra o desrespeito dos direitos de autor. A ideia da Autoridade é que “depois de julgados os processos, os bens não sejam destruídos” mas sim “reaproveitados num objetivo de responsabilidade social”. Agora, cabe ao GAF fazer, num prazo de 60 dias, a “descaraterização” da roupa e do calçado doado, para que não fique associado a nenhuma marca. “O grande cuidado que tem de existir é a descaraterização, para que a peça não seja confundida com aquelas que estão a ser comercializadas pela marca”, assumiu o responsável da ASAE.
No ano passado, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica realizou 35 atos de doação, entregando bens avaliados em mais de 80.000 euros. Desde o início deste ano, a ASAE já apreendeu mais de 1.300 peças de vestuário, no valor de 22.000 euros, que resultaram em 20 doações no âmbito da responsabilidade social. No que toca às zonas mais beneficiadas com estas doações, 7 doações foram feitas em Faro, 5 em Lisboa, 5 em Viseu, 3 Santarém, 2 no Porto e 1 em Aveiro, sendo que esta foi a primeira entrega no distrito de Viana do Castelo. “Temos tentado que haja uma lógica de proximidade territorial, pelo que se os processos decorreram em determinado distrito, tentamos que a doação seja feita nesse mesmo distrito”, esclareceu o responsável. A doação feita agora a GAF foi resultado de um processo que decorreu em Lisboa mas as apreensões dos artigos contrafeitos foram realizadas no distrito de Viana do Castelo.
Leandra Rodrigues, do GAF, reconheceu a importância desta doação dizendo que “o GAF faz distribuição, apoia em termos logísticos, em géneros alimentares, roupa, calçado, mobiliário” a população carenciada que acompanha e “só pode dar aquilo que recebe”. “A maior parte das vezes não recebemos material novo, mas sim material usado que está em bom estado, doado por particulares”, pelo que o facto de poder dar roupa e calçado novo aos mais carenciados “tem outro impacto”.
Agora, o GAF tem dois meses para descaraterizar a roupa e o calçado que recebeu da ASAE, sendo que a responsável admite que irão recorrer aos ateliês ocupacionais, onde colaboram pessoas carenciadas apoiadas pela instituição, para realizar todo este trabalho, que vai abranger mais de duas centenas de peças.
No ano de 2014, o Gabinete de Atendimento à Família apoiou 1.200 pessoas, sendo que semanalmente entregam cabazes com géneros alimentares e roupa a cerca de 20 famílias, consoante as necessidades das mesmas.
Para esta doação, contribuiu a presença do GAF no projeto ENTRAJUDA, que faz parte do Banco Alimentar mas que faz chegar às instituições “outro tipo de bens”, desde vestuário a material informático.