No mês de maio, os cerca de 300 ex-trabalhadores da Aurélio Martins Sobreiro deverão receber metade do valor dos salários e subsídios que têm em atraso. Os ex-trabalhadores reclamam 4,7 milhões de euros de créditos, entre salários e subsídios em atraso. assim como indemnizações, desde a insolvência da empresa, declarada em 2011.
Nuno Oliveira da Silva disse esperar que no mês de maio possam utilizar cerca de 2 milhões de euros para pagar metade do valor em falta às três centenas de antigos trabalhadores. “Estamos a ultimar um rateio parcial. Se tudo correr bem, durante o mês de maio iremos distribuir pelos credores trabalhadores pelo menos 2 milhões de euros”, afirmou o administrador de insolvência da construtora, o que fará com que “cerca de 50% dos créditos deles sejam pagos”.
O responsável, que falava aos jornalistas à margem da primeira sessão do julgamento de três ex-administradores da Aurélio Martins Sobreiro, que começou esta segunda-feira no Tribunal Judicial de Viana do Castelo, explicou que “os bens móveis e a pedreira de Vila Fria (Viana do Castelo)” foram alguns dos bens que já foram vendidos pela construtora, permitindo assim pagar metade das dívidas aos credores-trabalhadores.
“A expetativa que eu tenho é que eles vão receber, na íntegra, os seus créditos”, que andam na casa dos 4,7 milhões de euros. “O remanescente [dos créditos dos trabalhadores] certamente será pago com o fruto da venda dos imóveis”, declarou.
“Temos ativos cuja venda vai ser um bocado mais difícil porque estamos a falar de imóveis, a pedreira de Vila Praia de Âncora (Caminha), as participações nas auto-estradas ex-SCUTs, que são ativos de grande valor cuja venda vai ser bem mais difícil do que a venda daquilo que já se fez até agora”, declarou.
“O processo ainda está longe do fim”, disse Nuno Oliveira da Silva. “Há-de demorar o necessário para que os bens que faltam vender sejam vendidos pelo melhor preço”, explica, afirmando que recusa “vender ao desbarato”. “Tudo depende do sucesso da venda destes últimos ativos”, garantiu.
“As participações que a empresa tem nas ex-SCUTs valem muito dinheiro. Se aquilo for vendido por um preço justo, diria que se pode chegar aos credores comuns”, admitiu Nuno Oliveira da Silva, sem querer apontar prazos para que todas as vendas estejam concluídas.
A 31 de outubro de 2011 a construtora foi declarada insolvente. Desde então, 860 credores reclamam uma dívida de cerca de 39 milhões de euros, sendo que 4,7 milhões correspondem a dívidas aos ex-trabalhadores. O património da empresa começou a ser vendido há um ano, em abril de 2014, com o leilão de bens móveis. Entre os equipamentos que faziam parte da massa insolvente, estão maquinaria e máquinas pesadas, além de meia centena de viaturas e a pedreira de Vila Fria.
Após o chumbo dos credores ao plano de viabilização, a Aurélio Martins Sobreiro fechou a atividade a 21 de dezembro de 2012, deixando no desemprego os últimos 124 trabalhadores.