A delegação da Cruz Vermelha de Viana do Castelo decidiu dar nova vida à garagem do edifício-sede, na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, transformando-o numa “venda de garagem” que acontece duas vezes por semana, à quarta e à sexta-feira, à tarde. Flora Silva, presidente da delegação vianense da Cruz Vermelha, explicou à Geice que depois da transferência dos serviços de emergência e do parque automóvel para um edifício na Praia Norte, ficaram com a garagem do edifício da Avenida desocupada, pelo que resolveram dar-lhe uma nova utilidade. Com esta iniciativa, não só conseguem angariar verbas para o trabalho da Cruz Vermelha como cumprem uma função social ao disponibilizarem roupa, calçado e outros artigos a preços simbólicos, “muito económicos”, à população vianense mais necessitada.
Há um ano atrás, os serviços de emergência e os veículos da Cruz Vermelha foram transferidos para um edifício que a delegação aluga à Câmara Municipal de Viana do Castelo, na Praia Norte, e, em agosto de 2014, deram nova utilidade à garagem da avenida central vianense com uma primeira “venda de garagem”. Com a adesão dos vianenses, resolveram tornar a iniciativa mais regular.
Os artigos disponibilizados nestas “vendas de garagem” são fruto de doações de particulares, que entregam objetos variados “em bom estado” à Cruz Vermelha. Depois, a delegação coloca os artigos à venda, a valores simbólicos que variam “entre os 20 cêntimos e os 5 euros”. “Tomara nós termos voluntários de sobra para podermos fazer isto todos os dias”, explica a responsável pela instituição centenária, que conta já com 104 anos de existência.
Flora Silva diz que estas “vendas de garagem” pretendem “servir os mais vulneráveis”, especialmente tendo em conta a crise que o país atravessa, mas muitos jovens procuram esta feirinha para procurar os artigos “retro”, que estão muito em voga.
Outro objetivo é sensibilizar a população para o desperdício de uma sociedade “demasiado consumista” e a iniciativa pretende também “educar para a solidariedade”.
A ideia é mesmo transformar a garagem numa verdadeira Loja Social, num projeto de 50 mil euros que está a aguardar financiamento por parte da Câmara Municipal de Viana do Castelo. Depois das obras na garagem, além da Loja Social, o espaço renovado poderá receber workshops e formações para idosos e desempregados, para que as pessoas possam criar peças para serem vendidas depois no espaço. “Uma Loja Social bonita, com bom aspeto, apelativa e digna”, e simultaneamente “um espaço para formação e produção de objetos de cariz artesanal que possam ser vendidos na loja”, afirma Flora Silva. Depois da criação destes objetos, uma percentagem reverteria a favor da Cruz Vermelha e outra parte seria para os criadores.
Para a responsável, esta é uma “importante” forma de angariar verbas para uma instituição que conta com um corpo de 13 profissionais e “muitos voluntários”, além de 8 viaturas. Uma das grandes necessidades da delegação é a renovação do parque automóvel. “O parque automóvel é uma coisa terrível”, diz Flora Silva, explicando que “tem um desgaste imenso, faz muitos quilómetros, anda por muito sítio, conduzido por muitas mãos”, representando uma despesa “que as pessoas não calculam”. A Cruz Vermelha de Viana do Castelo precisa “urgentemente” de duas novas ambulâncias, explica a presidente, pelo que “grão a grão enche a galinha o papo” para conseguir fazer face a todas as despesas.
No ano em que a Cruz Vermelha Portuguesa celebra os 150 anos de existência, a Cruz Vermelha de Viana do Castelo junta-se às comemorações com um conjunto de iniciativas. No dia 25 de abril, a bilheteira do concerto do artista Sérgio Godinho, a acontecer no Centro Cultural de Viana do Castelo, reverte a favor da delegação vianense. No dia 8 de maio, a Quinta do Carvalho recebe um jantar-dançante para apoiar a Cruz Vermelha vianense, sendo o custo de “20 ambulâncias” por pessoa. Também vão acontecer caminhadas e eventos em discotecas, dirigidos aos mais jovens, ao longo de 2015. “É uma série de atividades que vamos desenvolvendo ao longo do ano para angariar fundos”, explica a responsável, Flora Silva.