Enquanto estudavam, dois jovens vianenses decidiram lançar uma adega de garagem para ajudar a pagar as propinas. Luís Brito, de 24 anos, e João Martins, de 25 anos, não queriam “sobrecarregar os pais” com as despesas do ensino superior e tiveram a ideia de iniciar uma adega de garagem, criando entretanto a marca Phulia Wines, para produzir e comercializar vinhos verdes típicos da região.
Luís e João lançaram o projeto há dois anos e não receberam apoios comunitários nem conseguiram financiamento bancário, mas, mesmo assim, decidiram arriscar e avançar com um conceito diferente: criar uma adega de garagem.
Os vianenses aproveitaram terrenos agrícolas abandonados, pertencentes a familiares, para iniciar a adega de garagem.”Ainda éramos nós estudantes quando tivemos a possibilidade de ficar com uma vinha que ia ficar ao abandono, pertença de um familiar meu”, explicou Luís Brito, afirmando que este primeiro terreno tinha 1 hectare de dimensão. Decidiram aproveitar o terreno para lançar um projeto que “ajudasse a pagar as propinas” mas, em dois anos, já conseguiram lançar a marca Phulia no mercado e já estão a utilizar 1,5 hectares para a produção vinícola.
“Propus ao João ficarmos com a vinha com o objetivo de, pelo menos, pagar alguma parte das propinas, para não sobrecarregar os nossos pais. Ficamos com a vinha, localizada na freguesia de Nogueira, adquirimos algum material usado para a vinificação (…) e produzimos o primeiro ano, que não foi rotulado, cerca de 400 litros de vinho”, explica Luís Brito, distribuindo “porta a porta”, a amigos e familiares.
“No ano a seguir, 2014, criamos a marca, e a partir daí começamos a pensar no nome a dar ao vinho e na estruturação de imagem que queríamos. Escolhemos Phulia porque acho que se adequa à cidade, com folia, alegria, romaria, acho que está ligado ao espírito dos vianenses”, declaram.
Produzem vinho branco 100% Loureiro e vinho Rosé 100% vinhão, a 3 euros a garrafa, preço de venda ao público. “São vinhos totalmente gastronómicos, para acompanhar uma boa refeição”, explicam. Todo o dinheiro que estão a conseguir fazer com a venda do vinho está a ser reinvestido no projeto.
O próprio rótulo dos vinhos Phulia está muito ligado às tradições do Alto Minho.”A imagem foi feita foi um designer amigo, que fez o rótulo com vários símbolos de Viana, pois tem os três círculos que representam as três libras que as mordomas levam no dia do casamento, e que representam a virgindade”, explica, e, dentro das libras, “estão símbolos que são utilizados nos bordados dos Lenços dos Namorados”.
“Tivemos sempre o gosto pela agricultura e este foi um setor que nos cativou”, explicam os jovens empreendedores vianenses. A produção deste ano chega às 6.000 garrafas, sempre utilizando terrenos agrícolas que são “cedidos” por pessoas que já não querem produzir a terra e que acabam por os ceder gratuitamente para a utilização dos jovens. “Não queremos dar um passo maior que a perna”, assumem, mas ponderam arranjar um terreno só seu, “se a produção correr bem”. “Primeiro, queremos mostrar-nos em Viana, depois vamos pensar em alargar horizontes”, declaram.
Agora, um dos jovens está licenciado em engenharia agropecuária, trabalha numa empresa de distribuição de agroquímicos, e o outro está prestes a terminar a mesma formação na Escola Superior Agrária de Coimbra.
Os dois jovens são responsáveis por todo o processo, desde o tratamento da vinha até ao produto final. Utilizam material usado para o processo de vinificação, desde a adaptação de máquinas antigas de finos para a refrigeração das cubas, até um sistema de lavagem da adega e das cubas feita através do aproveitamento de águas, passando por uma máquina de rotulagem das garrafas que é feita em madeira e que foi encomendada a um artesão local.
“É um conceito de adega de garagem, com os mínimos recursos fazer o máximo de qualidade”, declara. “A canalização da água também foi feita por nós”, especifica, dizendo que “foi tudo feito com base em conhecimentos que fomos juntando e perguntando”.