Uma empresa de Vila Franca, freguesia de Viana do Castelo, estreou mundialmente, no Campeonato Europeu de Vela, a decorrer até sábado na capital do Alto Minho, um sistema de controlo de velejadores. Os “chips” criados para a prova foram adaptados pela primeira vez à náutica, através de um sistema de cronometragem que a empresa “Classificações.net” utiliza já em outros desportos, como o ciclismo, atletismo, o trail e o BTT.
O sistema de controlo já existia mas a empresa de Vila Franca adaptou-o para este Campeonato Europeu de Vela – classe Laser, o que corresponde a uma estreia mundial destes chips em desportos náuticos.
Hélder Barbosa, representante da “Classificações.net”, explicou à Geice que “a nossa empresa faz cronometragem de vários eventos desportivos” e o Clube de Vela de Viana do Castelo, que está a organizar o Campeonato Europeu, lançou o “desafio” para que criassem um sistema de controlo das entradas e saídas dos velejadores.
“Fizemos uma adaptação daquilo que aplicamos no atletismo e no ciclismo para este controlo de check in/ check out, para verificar quem está no mar e quem não está. Eles aqui têm dois circuitos, o circuito Alfa e o circuito Beta, e nós conseguimos dizer se já estão todos no circuito na água, para poder entrar o circuito seguinte, ou vice-versa. Também conseguimos ter os tempos de entrada e de saída na água”, explica o representante da empresa responsável pela instalação destes chips, sendo que cada aparelho custa cerca de 100 euros.
Neste Campeonato Europeu de Vela estão a ser utilizados 263 chips, um por cada atleta dos 31 países concorrentes. O chip vai preso no mastro da embarcação e é totalmente à prova de água. Ao passar por dois tapetes de leitura, o chip permite certificar “com total segurança” se a embarcação entrou ou saiu do mar.
Esta nova tecnologia veio substituir a forma “arcaica” como, até agora, as organizações procedem ao controlo de entrada e saída dos velejadores no mar. “Existem uma espécie de cartões que o atleta tem de levar para o mar. Quando o atleta chega, tem de colocar o cartão num determinado sítio, sendo que é alguém da organização a verificar visualmente se falta algum cartão. O que acontece é que o atleta pode perder o cartão, o atleta pode vir completamente desnorteado e esquecer-se de colocar o cartão, fazendo com que andem à procura dele. Com este sistema, electronicamente, nós conseguimos saber à saída logo do mar, que o atleta já está em terra”, explica Hélder Barbosa, garantindo que este é um sistema “mais infalível”.
“Os velejadores podem perde-se, por algum motivo, e assim nós sabemos se o dorsal 2 ou 3, por exemplo, ainda não está cá. No segundo dia de prova houve bastante nevoeiro e houve algum receio, mas assim pudemos verificar que todos tinham regressado a terra”, explica.
“Para nós, está a ser um agradável sucesso e uma agradável experiência. Agora compete às outras organizações saber se o sistema é útil ou não”, diz o representante da “Classificações.net”, aguardando por novos desafios. A empresa foi criada em Vila Franca, há cerca de 3 anos, pelo ex-ciclista Ricardo Costa, para se dedicar à cronometragem de eventos desportivos.
João Correia, presidente da Associação Portuguesa da Classe Laser, afirma que é a primeira vez que o sistema está a ser aplicado em Portugal e refere que este sistema confere “total segurança” e “precisão” no controlo das entradas e saídas dos velejadores. “Não há possibilidade de falha humana, de alguém se esquecer”, declara, elogiando a inovação. “Em provas desta dimensão, acho que é o sistema perfeito”, assume.
Já o treinador da seleção italiana, o português Luís Rocha, também garante que este sistema é uma novidade. “É a primeira vez que este sistema é aplicado no mundo, pelo menos na vela ligeira, vela olímpica”, diz, afirmando que até agora o sistema era “apenas de assinatura”. “É prático e simples”, garantindo maior segurança para a organização e libertando os atletas da preocupação em assinar papéis ou entregar cartões.