No centro histórico de Viana do Castelo os comerciantes sentem-se cada vez mais desesperados com o atraso das obras. Apesar de saberem que as obras são “necessárias” no centro da cidade, assumem que o atraso, que já vai num mês, está a prejudicar fortemente o negócio. Com a entrada no Verão e a chegada do bom tempo, os comerciantes esperavam conseguir equilibrar as finanças, preparando uma “almofada financeira” para os meses mais frios. No entanto, com o prolongar das obras, vêem as ruas sem calçada, cheias de pó, pedra e máquinas, o que tem afastado os clientes.
A Geice verificou, no local, que as obras estão intensas na Rua Cova da Onça e na Travessa da Vitória, local onde encontrou os comerciantes mais indignados. Nas duas vias, existem vários restaurantes, que assumem ter perdido já a conta ao número de clientes que recusam sentar-se num estabelecimento invadido pelo barulho das obras e pela poeira constante.
Marta Almeida abriu o restaurante “O Recanto” há três anos e assume que, se as obras a impedirem de fazer negócio este Verão, poderá ter de fechar as portas já em setembro. “Desde fevereiro, altura em que começaram as obras, tem sido uma baixa incrível. As obras impedem o trânsito de pessoas e, mesmo quando os senhores das obras vão embora, não arrumam minimamente o material”, lamenta. Diz que quando as obras começaram, percebeu que ia afetar o negócio, mas aceitou fazer o sacrifício em prol da cidade, mas agora “já chegou a uma altura em que a nossa paciência está completamente esgotada”.
“Agora já existe movimento na cidade e nós não estamos a conseguir aproveitar, porque já vamos em seis meses de obras. Fala-se que talvez só terminem a 15 de agosto, na altura das festas, mas vamos perder quase todo o Verão”, diz. “O nosso mealheiro, não o conseguimos fazer, para aguentarmos o Verão”, acrescenta.
“Tenho tido muitos clientes que já me confidenciaram que gostam muito de vir aqui mas que vão deixar de aparecer, porque não estão para chegar ao trabalho e limpar os sapatos e o rosto por causa do pó que apanharam quando aqui estiveram”, explica.
Também Paulo Portela, responsável pela Tipografia Vianense, diz que as cargas e descargas “têm sido muito complicadas porque as obras já se prolongam há muitos meses, já fora do previsto”.
“As obras são necessárias e achamos bem, mas a demora está a prejudicar os comerciantes da rua toda, principalmente os restaurantes”, garante.
Luís Nobre, vereador responsável pelo pelouro das Obras Públicas, pediu “desculpa” pelos incómodos causados, explicando que as obras são para beneficiar a cidade, mas garantiu que tudo estará concluído até final deste mês.
“Nós fazemos as obras para melhorar e tornar esses prazos mais atrativos, apesar dos condicionamentos existentes durante as mesmas”, afirma. Oficialmente, a garantia existente é que “até ao fim do mês” tudo fique concluído.
As obras nas ruas do centro histórico são para repavimentar o piso que não estava em bom estado, remodelando todas as infraestruturas existentes.