Começou a bordar ainda criança, por incentivo da sua mãe, mas foi quando se encontrou em situação de desemprego que Maria Jorge Pinheiro, atualmente com 47 anos de vida, começou a dedicar-se mais a sério a bordar os padrões de Viana. A bordadeira assume-se apaixonada pelas tradições vianenses e, juntando à paixão uma boa dose de imaginação, começou a bordar o Coração de Viana, o florido dos lenços minhotos e os dizeres dos Lenços dos Namorados em objetos diversos. Hoje em dia, tanto faz camisolas com os corações típicos da capital do Alto Minho como faz panos de tabuleiro, babetes para bebés, malas de senhora, porta-moedas, colares, entre muito mais. O limite parece mesmo ser a imaginação.
“Comecei a bordar à beira da minha mãe, a aprender com ela, a fazer uns paninhos, ainda criança”, explica, dizendo que foi já em idade adulta que se começou a “empenhar” mais nesta arte. Entretanto, a empresa onde trabalhava fechou e foi quando se viu no desemprego, por cerca de um ano, que passou a “dedicar-se mais aos bordados, até porque tinha mais tempo, estava muito parada”. Atualmente tem um emprego mas “ganha mais uns troquinhos” com os diferentes bordados que faz.
A camisola sem mangas com o Coração de Viana é mesmo o artigo mais pedido, mas também fazem sucesso os colares com o lenço de Viana, as carteiras e os porta-moedas. O facto de lhe dizerem que borda de forma muito perfeita deixa-a naturalmente orgulhosa, reconhece. “Se me procuram, por algum motivo é”, assume.
Poderia pensar-se que este é um trabalho sazonal, mais centrado na altura da Romaria em Honra de Nossa Senhora da Agonia, as festas principais do concelho de Viana do Castelo, mas a bordadeira garante que tem encomendas ao longo de todo o ano. “Há pessoas que me deixam encomendas de um ano para o outro”, explica, dizendo que tem até encomendas de emigrantes, ao longo do ano.
Os materiais que usa para os seus artigos são todos vianenses, adquiridos em lojas do concelho, pelo que, entre o trabalho artesanal e a matéria-prima, é tudo “made in Viana”.