Este sábado, numa manhã de sol, foram muitos os vianenses e turistas que fizeram questão de passar pela Praça da República, que acolhia uma Mostra Gastronómica ligada ao mar e ao rio, visitando as barraquinhas dos diferentes grupos e provando os petiscos com origem nos produtos do mar.
Grupos etnográficos e folclóricos de cinco freguesias do litoral – Areosa, Carreço, Afife, Vila Nova de Anha e Castelo de Neiva – marcaram presença nesta festa, apresentando as tradições ligadas ao rio e ao mar. Os grupos locais, vestidos com trajes de trabalho, venderam nas respectivas bancas, iguarias ligadas aos produtos do mar e do rio.
Maria José Xavier, da Ronda Típica de Carreço, mostrou à Geice os produtos ligados ao mar e ao rio que trouxeram para esta festa. “Trouxemos bolinhos de bacalhau, sardinhas espalmadas, pastelão de sardinha, pataniscas de sardinha a serem feitas na hora, empadas de atum, mexilhões, lapas já preparadas e cruas que – felizmente – mal chegaram, vendemos logo”, revelou. “Temos ainda caramujas, a punheta de bacalhu, o grão-de-bico com bacalhau e o feijão-frade com atum”, descreveu a responsável, dizendo que “todos os produtos têm todos ligação ao mar, só trouxemos peixe”.
“É bonito e agradável que as pessoas saibam que os grupos folclóricos não cantam e dançam apenas, investindo também na divulgação das nossas tradições”, considerou a dançarina de folclore, acrescentando que “os trajes de trabalho são também muito importantes”.
“Na nossa festa principal, a Romaria em Honra de Nossa Senhora d’Agonia, investimos nos trajes de festa, porque a romaria é festa. No entanto, os trajes de trabalho são também muito bonitos e é bom poder divulga-los”, realçou Maria José Xavier.
Rui Cunha, da tocata do grupo Renascer da Areosa, afirmou que “Viana do Castelo precisa disto”. “Nós temos uma cultura muito ligada ao mar e este evento vem enriquecer as nossas tradições”, considerou. “Na nossa tocata temos duas concertinas, dois bandolins, quatro cavaquinhos, três violas, um bombo e os ferrinhos, pelo que somos cerca de 13 elementos”, contou Rui Cunha, dizendo que apesar de o grupo ser “jovem” tem elementos “com muita experiência”. “Gostamos de mostrar as nossas valências e a tradição do nosso folclore”, destacou.
O Grupo Folclórico de Castelo de Neiva também marcou presença e trouxe “aquilo que de melhor temos na nossa freguesia”. Nuno Costa referiu que “temos os produtos tradicionais ligados ao mar e também trouxemos os trajes de pescador, pois, ainda hoje em dia, temos uma forte comunidade piscatória”. “Em tempos, tivemos também a apanha do sargaço, um marco muito grande na freguesia e que, hoje em dia, está a desaparecer, mas o nosso traje ligado à apanha do sargaço é muito genuíno e não se vê nos outros grupos do concelho”, contou o responsável.
“Apesar de eu ser ainda muito jovem, ainda me recordo de existirem atividades ligada às áreas agro-marítimas em Castelo de Neiva, enquanto nas outras freguesias essas actividades, se calhar, perderam-se há mais tempo”, considerou, explicando assim o facto de os trajes de sargaceiro, típicos de Castelo de Neiva, serem dos mais populares no que toca a trajes de trabalho ligados ao mar e ao rio.
Até dia 31 de dezembro, o Museu do Traje presta homenagem aos trajes de trabalho ligados ao mar e ao rio. No segundo andar do espaço museológico está patente uma exposição temporária onde podem ser vistos os trajes de sargaceira de Afife, despesqueira de Carreço, mariscadeira da Areosa, mulher da Ribeira de Monserrate, o traje da saleira e da salgadeira de Darque, sargaceira de Castelo de Neiva e Vila Nova de Anha, o traje do pescador e do barqueiro do rio.