Esta terça-feira, Viana do Castelo acolheu uma assembleia geral da RIET – Rede Ibérica das Entidades Transfronteiriças e, no balanço do encontro, os dirigentes revelaram estar “frustrados” com a falta de concretização das propostas que apresentaram ao longo dos últimos anos. “Das 29 propostas que apresentamos nos últimos quatro anos, apenas 4 se cumpriram”, referiu Xoán Vasquez Mao, secretário-geral da RIET.
Para a próxima Cimeira Ibérica, a realizar em 2016, foram aprovadas “exatamente as mesmas propostas que na última cimeira”, disse o secretário-geral, considerando que os últimos quatro anos “foram totalmente perdidos” pois apenas aprovaram questões “que nem sequer implicaram investimento”. “Em quatro anos, as cimeiras não resolveram nada”, criticou Vasquez Mao. “A última Cimeira Ibérica foi um engano, não se aprovou nada”, disse, referindo-se ao encontro que aconteceu em Baiona, Espanha, no passado mês de junho.
Entre os projetos apresentados pela Rede Ibérica das Entidades Transfronteiriças, entre 2012 e 2015, constam a criação de infraestruturas rodoviárias e ferroviárias nos dois países, iniciativas que visam o aumento da mobilidade e o desenvolvimento económico, como a eliminação do roaming, uma plataforma única de correios e a coordenação entre a GNR e a Guardia Civil espanhola. A RIET pede ainda a harmonização fiscal entre os dois países, a criação de um portal administrativo, a coordenação dos serviços de emergência e, para o meio-ambiente, propõe a criação de uma legislação conjunta.
“Na ligação de comboio entre Porto e Vigo, em quatro anos, os Governos português e espanhol, a única coisa que fizeram foi mudar um horário”, reforçou o secretário-geral, considerando que “não podemos perder mais quatro anos com enganos”.
Das quase três dezenas de propostas apresentadas nas Cimeiras Ibéricas, apenas foram aprovadas quatro: a criação de um sistema único para pagamento das SCUT’s, a criação de um bilhete único no comboio entre Porto e Vigo, as paragens do comboio Celta em mais localidades do que o inicialmente previsto e a conexões ferroviárias à rede europeia.
No balanço da última assembleia geral em que presidiu à RIET, José Maria Costa, autarca de Viana, confirmou a frustração sentida. Lamentou o facto de terem de “repetir” os temas a apresentar à Cimeira ibérica agendada para 2016, dizendo que foi “frustrante” não obter respostas favoráveis às iniciativas anteriormente apresentadas.
A partir desta terça-feira, a RIET conta com um novo presidente. José Maria Costa deixa a presidência, sendo sucedido por José Couto, presidente do Conselho Empresarial do Centro, CEC. O edil vianense passa para a presidência da Assembleia da rede ibérica.
Em Viana do Castelo, foi decidida a constituição de um Conselho Consultivo de Fronteira, que conta com “personalidades de prestígio”, como Eduardo Junco, José Soeiro, Carlos Beltrán, Luís Braga da Cruz, Arlindo Cunha e Júlio Pedrosa. Xoán Vasquez Mao revelou que este conselho consultivo “de alto nível” vai “ajudar na reflexão das linhas prioritárias e estratégicas” da rede ibérica.
Nesta assembleia geral ficou ainda aprovada a entrada da Universidade de Extremadura na RIET, passando a rede ibérica a contar com 32 membros, entre universidades, entidades empresariais e entidades políticas.