A atravessar uma das fases mais dramáticas dos 117 anos de existência do Sport Clube Vianense, a direção, presidida por Rui Pedro Silva, em entrevista exclusiva à Rádio Geice FM, apela à união de todos em prol de uma causa. “Só será possível ultrapassar isto se todos decidirem apoiar. Cada um apoia como pode e quer. Os vianenses, as instituições públicas e privadas, têm de se unir, porque só assim será possível”, garante o dirigente, afirmando que “os que se têm dedicado ao Vianense, nos últimos anos, têm vivido momentos de sofrimento, com custos enormes para muitas pessoas que se dedicaram e dedicam ao clube”. ”Há uma necessidade extrema de inverter este ciclo e permitir que as pessoas possam fruir da dedicação que estão a dar ao clube”, vaticinou.
Divida perto dos 700 mil euros
Neste momento, o clube corre sério risco de ficar sem a sede e sem o estádio, que vão a hasta pública no dia 23 de fevereiro. A dívida do Vianense chega aos 700 mil euros e não se vê uma solução à vista. “Era importante que, de uma vez por todas, os vianenses percebessem o dramatismo da situação em que o clube está. Temos vindo a dizê-lo ultimamente e é a verdade nua e crua: o Vianense está em enorme risco de suspender a sua atividade e de ser extinto, pura e simplesmente. Um clube que tem 117 anos de história e que está em risco de ver suspensa a sua atividade”, lamentou.
“Este é um momento decisivo para o clube e só será possível ultrapassar com o envolvimento ativo de todos”, assegura Rui Pedro Silva. “O vianense que é vianense, o habitante em Viana do Castelo, sempre ouviu falar das dificuldades do Vianense e quem não acompanha de perto a situação do clube acaba por achar que isto é mais do mesmo, que já é habitual. Quem não conhece muito bem a realidade do clube, acha que isto é normal. (…) Tem havido um afastamento crescente dos vianenses do clube e isto reflete-se aos mais variados níveis, inclusive na assistência aos jogos da nossa equipa principal. (…) Isto prova que há maior afastamento, o que gera maior desconhecimento. Aparentemente as coisas vão decorrendo com relativa normalidade, a não ser quando aparecem notícias bombásticas. Por isso, as pessoas acham que as coisas estão normais mas a verdade não é esta”, declara.
Hasta pública marcada para 23 de fevereiro
Recorde-se que foi marcada uma hasta pública para as 14 horas de dia 23 de fevereiro. A sede, o estádio Dr. José de Matos e uma casa que é ocupada por um funcionário do Vianense podem ser vendidas. Esta hasta realiza-se no âmbito da execução lançada por uma instituição bancária, por causa dos atrasos no pagamento de um empréstimo feito pelo clube. Neste momento, o pagamento em dívida ronda os 300 mil euros.
“A situação, de base, é esta: há um défice crónico na tesouraria e na gestão do Sport Clube Vianense. O SCV tem vindo a viver acima das suas possibilidades, dito de forma simples. Não consegue gerar receita para a despesa que tem, por isso tem vindo a acumular passivo até chegar à situação atual, que é aquilo que nós sabemos. Em hasta pública, estão à venda os imóveis do clube: a sede, o estádio e uma habitação. Isto acontece porque o clube não esteve em condições, nos últimos anos, para cumprir as suas obrigações para com uma instituição bancária, depois de contrair um empréstimo”, realçou.
“A questão que muitos associados colocam é: sendo a dívida na ordem dos 350 mil euros e a sede estando avaliada para cima de 600 mil euros, porque é que agora surge também o estádio e a casa na hasta? Porque, nesta altura, nada garante que a primeira hasta resulte, a sede seja vendida, e o clube liquide a sua dívida. Pode não ficar resolvido numa primeira fase, é por isso que a instituição avança com os restantes imóveis, porque nada garante que, numa segunda fase, em que é feita negociação direta, os imóveis sejam vendidos e atinjam o valor em dívida à instituição bancária. Isto é mais um facto a atestar o dramatismo e a gravidade da situação”, afirmou.
Assembleia Extraordinária vai realizar-se na segunda-feira
“Pedimos ao presidente da Mesa da Assembleia Geral, o Dr. Luís Louro, que convocasse uma Assembleia Geral Extraordinária para dia 15 de fevereiro. (…) O Sport Clube Vianense será aquilo que os sócios, adeptos, simpatizantes, a cidade, as instituições públicas e privadas, os vianenses de aquém e além-fronteiras, queiram que ele seja”, garante.
Direção não consegue pagar à banca
A atual direção, eleita a 21 de outubro de 2015, também não tem conseguido pagar as prestações bancárias, admite Rui Pedro Silva. “Esta direção não teve possibilidade absolutamente nenhuma de dar seguimento aos pagamentos porque a gestão do clube é completamente desequilibrada. O clube não consegue gerar receita para a despesa que tem, daí nós termos anunciado e passado a mensagem publicamente da necessidade de ser angariada uma verba entre 100 a 150 mil euros até 31 de dezembro de 2015. Uma delas era a questão da Caixa de Crédito Agrícola, porque, na altura, a dívida era de cerca de 50 mil euros. Não tivemos essa entrada de capital, por isso não conseguimos regularizar a situação com a Caixa de Crédito Agrícola. O Vianense não consegue arranjar em semanas ou meses uma verba de 50 mil euros”, lamentou.