Entre os dias 30 de abril e 26 de junho, o Museu do Traje da cidade de Viana do Castelo vai ser palco de uma exposição dedicada aos Beatles, com cerca de 120 discos de Vítor Coutinho. O vianense, que nasceu no Congo Belga há 60 anos, é um afamado colecionador de música e tem, na sua coleção pessoal, mais de 36 mil discos, incluindo 2.600 exemplares de vinis e cd’s dos Beatles. “Aconselho todos a visitar a exposição, pois vai valer a pena, com a presença de obras raras”, realçou o responsável, dizendo que a música dos ingleses era “transversal, do agrado de quase todos”.
Nesta exposição vão estar presentes apenas discos em vinil, em exemplares raros, a primeira edição de “Let it be”, um vinil de “Help”, com a concha da Shell, concebido para a petrolífera, e até gravações que a BBC fez da banda. Todas as obras que vão ser expostas vão ser acompanhadas de um texto informativo que vai falar da história dos Beatles e da história daquela obra em particular, refere Vítor Coutinho, indicando que os textos foram todos preparados por ele, inspirados em gurus da ‘Beatlemania’, como Luís Pinheiro de Almeida e Abel Soares Rosa.
“Tive a sorte de ver a Câmara Municipal de Viana do Castelo a promover esta minha exposição. Acredito que a exposição vai informar muitas pessoas. Durante dois meses toda a gente vai poder apoiar e conhecer este tipo de coleções, que acabam por preservar a história. Mais do que música, esta exposição vai apresentar história”, vaticinou o colecionador.
Vítor Coutinho é um entusiasmado colecionador de música. Veio para Viana do Castelo com 3 anos de idade e foi com 12 anos de idade que recebeu de presente os seus dois primeiros discos. Com o passar dos anos foi ganhando gosto pelos discos, foi trabalhando numa coleção, que conta atualmente com milhares de exemplares. “Entre tudo o que coleciono, a última contagem ia em 36 mil discos. Só dos Beatles já tenho mais de 2.600 discos, o meu foco é a música”, assegurou. “Claro que os Beatles não lançaram tantos discos. Tenho vinis de edições da Coreia, Singapura, Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, França, Portugal, Jugoslávia, Rússia, entre muito mais”, revelou o vianense.
“Tudo começou quando tinha 12 anos, quando um afilhado da minha avó me ofereceu dois discos, “World”, dos Bee Gees, e “Mighty Queen”, de Manfred Mann. Na altura eu nem sequer tinha gira-discos, por isso nem sabia o que havia de fazer com aquilo. A música nunca tinha estado nos meus horizontes. No entanto, depois de um mês, decidi que tinha de dar andamento aos dois discos, pensando que tinha de ficar por aí ou que teria de arranjar um gira-discos. Pensei também que, com dois discos apenas, iria enjoar-me rapidamente. Optei então por comprar mais discos, para ir rodando e diversificando o que ouvia”, começou por contar o colecionador.
“Comprei o primeiro disco dos Beatles na antiga Casa Ponte, foi o ‘She loves you’. No entanto, repito, não estava no meu horizonte entrar no mundo do colecionismo, mas como tive uma avó muito minha amiga e que me proporcionava estas coisas, fui comprando e comprando. Quando cheguei aos 300 discos, de vários grupos, as pessoas já achavam o máximo, porque naquela altura já eram muitos”, indicou o empresário vianense. “Quando entrei na onda do colecionismo é que comecei a fazer regressão musical, recuando no tempo, a dedicar-me aos Beatles e a comprar peças que tinha deixado passar”, revela, explicando que só passado “largos anos” é que começou a ver os discos “como uma coleção”.
Os Beatles, criados em 1960, foram o grupo musical mais bem-sucedido e aclamado da história da música popular. “Os Beatles são o ABC da música. Já na época em que os ouvia apenas, sem comprar, eu gostava deles. Os Beatles mudaram tudo. A música alterou-se por causa do que eles fizeram, enchendo estádios com 60 mil pessoas, o que, para a época, era uma feito extraordinário”, refere Vítor Coutinho.
O vianense refere ainda uma curiosidade “muito engraçada” e bem reveladora do impacto da banda inglesa no mundo. “Quando os Beatles foram à televisão, ao programa do Ed Sullivan, nos Estados Unidos da América, nos primeiros cinco minutos da entrevista não há qualquer registo de crimes, assaltos ou homicídios. Isto só mostra que os Beatles são os Beatles e o resto é paisagem, sem qualquer ofensa aos outros”, frisou Vítor Coutinho. “Os Beatles acabaram em 1970 e, ainda hoje, são a banda que mais discos vende”, rematou o colecionador.