Um laboratório de análises situado em Ponte de Lima, no distrito de Viana do Castelo, acusa a Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) de estar a desviar serviços de saúde de proximidade dos utentes da região e de colocar em causa os 39 postos de trabalho da empresa de análises. Em comunicado, o Laboratório Manuela Pimenta (MP), que conta com 38 anos de existência, refere que “até agora, os médicos prescreviam as análises clínicas e os utentes tinham liberdade de escolha e faziam as suas análises onde bem entendiam e às horas que mais lhe convinham”. No entanto, acusa a responsável, Manuela Pimenta, “recentemente foi criada pela administração da ULSAM uma ordem de serviço que obriga todos os médicos, a partir do próximo dia 26 de Abril, a encaminharem todos os utentes para o Hospital Conde de Bertiandos para realizarem as colheitas de análises clínicas”.
Para o laboratório de análises, esta decisão faz com que os utentes percam a liberdade de escolha e refere que os médicos “que prescrevem análises clínicas aos utentes, estão contra esta ordem de serviço”. Considera a empresa que esta medida “não respeita a vontade dos próprios médicos e não respeita a vontade dos utentes, bem como não respeita o princípio básico de livre escolha do utente (Lei 15/2014 do Diário da República, 1a Série – no 57 de 21 de Março)”.
A Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) é constituída pelo Hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, Hospital Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima, e ainda 13 centros de saúde espalhados pelo Alto Minho.
Segundo o laboratório de análises, o hospital de Ponte de Lima – Conde de Bertiandos, “não está dotado de logística, recursos materiais e recursos humanos suficientes para prestar este serviço”.
Se a medida avançar, acrescenta Manuela Pimenta, a empresa, “que sempre trabalhou para a comunidade, terá de fechar”. O laboratório de análises conta com 39 colaboradores, entre os quais estão 10 farmacêuticos, que incluem 6 especialistas em Análises Clínicas. A empresa conta ainda com 8 técnicos de análises clínicas, 5 trabalhadores administrativos, 3 auxiliares de laboratório e 11 enfermeiros. Se a empresa tiver de fechar, encerram também nove postos de recolha no concelho de Ponte de Lima e um posto na Maia.
“Se formos obrigados a fechar, há prejuízos e danos irreparáveis porque perde a população a grande proximidade que a cobertura geográfica dos postos proporciona”, refere Manuela Pimenta, acrescentando que “perde a população e os médicos a facilidade, a comodidade, a confiança, a rapidez com que são atendidos e rápida resposta e a qualidade dos resultados”. A responsável refere também que se perde “uma indústria de interesse público para o concelho de Ponte de Lima” e ainda os “superiores interesses dos utentes do concelho de Ponte de Lima”, bem como “trabalho e a fonte de rendimento para as 38 famílias que directamente dependem do Laboratório de Análises Clínicas”.
A responsável indica que perderá também a Segurança Social, para quem contribuem com 170 mil euros por ano, e o Estado Português, “porque liquidamos 113 mil euros por ano de IRS dos colaboradores”. “Perde o Estado Português, porque liquidamos 132 mil euros de IRC por ano e perdemos todos nós”, vaticina a empresa.
“Pretende o Laboratório servir a população do concelho de Ponte de Lima, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez e de Paredes de Coura na prestação de serviços de Análises Clínicas”, explica ainda o documento, referindo que a empresa na área da saúde pauta-se “por elevados níveis de qualidade (Certificado ISO 9001 desde o ano 2000 – 16 anos)”.
A Rádio Geice tentou obter uma reacção da ULSAM, que prometeu esclarecimentos durante o dia de hoje.