Mário Cruz foi o vencedor do Prémio Estação Imagem 2016 ao apresentar uma reportagem sobre as crianças escravizadas e torturadas no Senegal. Este sábado de manhã foram atribuídos os prémios do evento que tem acontecido na cidade de Viana do Castelo e o fotógrafo da agência Lusa foi o vencedor com a reportagem “Talibés, Escravos Contemporâneos”.
O trabalho vencedor retrata os “talibés”, as crianças que são escravizadas e torturadas nas escolas islâmicas do Senegal e Guiné-Bissau e já foi premiado pelo World Press Photo. No discurso discurso, Mário Cruz afirmou que “é muito importante ganhar este prémio para mostrar a realidade destas crianças”. “São obrigadas a pedir 8 horas por dia, para falsos líderes islâmicos”, revelou o fotógrafo premiado. “As coisas estão a começar a mudar no Senegal, muitas crianças foram resgatadas e o governo senegalês prometeu usar as minhas fotografias para desenvolver uma campanha que alerte para este drama”, indicou.
A Fotografia do Ano foi entregue a Gabriel Tizón, com “O mapa dos Refuxiados”. Na categoria que era a novidade desta edição, foi ainda atribuída menção honrosa a Nuno Pinto Fernandes, com uma imagem de José Sócrates, e também a Bruno Colaço, que fotografou António Costa “Debaixo dos Holofotes”. Já a Bolsa Estação Imagem 2016 foi entregue a Bruno Simões Castanheira, com o trabalho “Lugares de silêncio, Aldeias e Sítios do Parque Nacional Peneda Gerês”.
Luís Vasconcelos, da organização do evento de fotografias, destacou a presença de um coletivo de júri de renome, composto por Aidan Sullivan, João Silva, Cheryl Newman e Laurent Rebours. Referiu os 190 fotógrafos participantes, “o que representa a quase totalidade da classe em Portugal”, realçou o responsável. Destacou também as 336 reportagens a concurso, “o que é fantástico”, e as 104 inscrições para a categoria de Fotografia do Ano.
Aidan Sullivan, presidente do júri e vice-presidente da Getty Imagens, assumiu que tem estado presente em inúmeros concursos e eventos espalhados por todo o mundo e destacou a imensa qualidade deste concurso. “O material que vimos nos últimos dias foi avassalador, fantástico. Foi difícil decidir. Tenho sido júri em eventos de todo o mundo e posso garantir que o material aqui apresentado é de classe mundial”, vaticinou. “O fotojornalismo não pode morrer porque é o ‘contar de histórias’ visual, rematou”.
João Silva, fotojornalista que fez parte do júri, diz que foi “super difícil” escolher os vencedores porque a qualidade era imensa. “Houve muito diálogo sobre as imagens, mas penso que o resultado final foi bom. Os trabalhos finais foram super fortes, fiquei muito impressionado com o que vi, não esperava tanto”, assegurou.
José Maria Costa, autarca vianense, faz um balanço “muito positivo” do evento, por ter trazido a Viana do Castelo nomes conceituados do fotojornalismo, quer a nível nacional quer a nível internacional. “Esta é uma oportunidade para quem gosta de fotografia ter contacto com fotojornalistas de renome internacional”, assegurou. Também Maria José Guerreiro, vereadora da cultura na autarquia vianense, referiu o “enorme gosto que é termos em Viana do Castelo este magnífico encontro”, referindo que o Estação Imagem é a “celebração da fotografia e do fotojornalismo.
O Prémio Estação Imagem 2016 tem como principal parceiro a Câmara Municipal de Viana do Castelo e tem o objetivo de premiar reportagens de fotógrafos portugueses, dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), e da Galiza, ou feitas por estrangeiros nestes territórios.
Na categorial Desporto, ganhou a fotorreportagem “Futebol não comercial”, de Gabriel Tizón. Na Série de Retratos, o vencedor foi Bruno Colaço, com “Duas famílias de Chernobyl para Portugal”. Já na categoria Ambiente foi atribuída uma menção honrosa a Pedro Armestre, pela obra “Dentro do Lume”. O prémio Ambiente foi entregue a “Águas Quentes”, de Vlad Sokhin.
Na categoria Artes e Espectáculos, o vencedor foi Leonel de Castro, com “Lab in Dança”, que decidiu atribuir o valor monetário do prémio aos jovens deficientes que fotografou na reportagem. Na Vida Quotidiana, menção honrosa para “Ritmo de Bafatá”, de Gabriel Tizón, e prémio para “Inverno é uma Casa às Costas”, de Gonçalo Delgado, com uma reportagem em Castro Laboreiro. Nos Assuntos Contemporâneos, menção honrosa para “Aqui morreu uma mulher”, reportagem fotográfica de José Carlos Carvalho que destaca a morte de mulheres em situação de violência doméstica. O vencedor da categoria foi Nuno Fox, com “Duas Vidas numa Só”, destacando a homossexualidade.“Quem ri por último ri melhor” foi a reportagem vencedora da categoria Notícias, da autoria de José Carlos Carvalho. O prémio Noroeste Peninsular, com o tema “Vinho e a vinha” foi entregue a Leonel de Castro, pelo trabalho “Douro Leste”.