O pároco da freguesia de Vila Nova de Anha, no concelho de Viana do Castelo, lamentou à Geice a polémica causada em torno das novas fechaduras dos portões de acesso ao adro da igreja local e referiu que as queixas foram apresentadas por gente que “nem põe os pés na igreja”. Alfredo Sousa diz então que os causadores da polémica estão “perfeitamente” identificados e “nem põem os pés na igreja”, defendendo que a paróquia de Anha “goza de paz e tranquilidade”.
O responsável indica que as afirmações foram proferidas “por certa ‘cidadã’ em nome de meia dúzia de pessoas, perfeitamente identificáveis que nem põem os pés na igreja, mas dela beneficiam até”, dizendo que o facto de as queixas terem sido enviadas para a comunicação social “revela défice de cultura cristã, de cultura geral, de sentido de igreja e de bom senso, para não falarmos de desejo manifesto de desestabilizar a vida comunitária de Vila Nova de Anha que goza de paz e tranquilidade”.
Explica o pároco que, há algumas semanas, mandou arranjar as portas de acesso ao adro da igreja, que é também um cemitério antigo. Depois desse arranjo, foram instaladas fechaduras novas no portão e naturalmente passaram a fechar os portões à noite, até porque o adro dá acesso ao cemitério e é um lugar “que merece respeito”. ”Afinal, se existem umas cancelas que sempre tiveram fechadura mas que só há quinze dias se tem usado a chave, se ninguém da freguesia vai ao adro da igreja durante a noite, se até o cemitério se fecha à chave a partir das 22h00, se, como diz a cidadã em causa, até se pode aceder ao respetivo adro galgando o muro – o que é de mau gosto e falta de civismo – até porque o adro é acessível pelas traseiras da igreja, pergunto: que diferença faz, afinal, fechar ou não as cancelas à chave?”, questiona Alfredo Sousa. Por isso, garante, “nós optamos por fechar”.
Indica ainda desejar “muito a sério” que “tenhamos todos bom senso e, sobretudo que não andem a instigar, a gerar intrigas e mal-estar entre as pessoas da comunidade que goza de concórdia e de unidade”, dizendo que as queixas são “tiradas de mau gosto”. Alfredo Sousa deseja que todos tenhamos um cantinho no céu, mas recorda que “lá também há cancelas e portões fechados à chave e o porteiro é S. Pedro, porque a ele confiou Jesus as chaves”. “Façam o favor de ser felizes, deixem os outros trabalhar e ser felizes e não nos incomodem com os seus laivos de insensatez e falta de coragem para dizer cara a cara o que têm a dizer, sem levar a roupa suja para a comunicação social”, vaticina o pároco de Vila Nova de Anha.
Recorde-se que Flora Maciel denunciou a situação, indicando que “desde há 15 dias para cá que os paroquianos de Vila Nova de Anha constataram, sem aviso prévio, que o adro da igreja se encontra fechado à chave ao fim do dia”. Para a cidadã, esta decisão “não faz sentido”, até porque “os muros do adro da Igreja são baixos” e “qualquer pessoa pode saltar para dentro”, considerando que a decisão pode afastar pessoas da paróquia.
Comunicado integral do pároco:
“Questionado sobre a notícia publicada ontem [quinta-feira) na Rádio Geice e no Semanário Alto Minho, sobre o suposto incómodo causado pelo fecho das cancelas de acesso ao adro da igreja paroquial durante a noite, o pároco afirmou que, e cito: “aceitar afirmações como aquelas proferidas por certa “cidadã” em nome de meia dúzia de pessoas, perfeitamente identificáveis que nem põem os pés na igreja, mas dela beneficiam, até, e torná-las mediáticas, só revela défice de cultura cristã, de cultura geral, de sentido de igreja e de bom senso, para não falarmos de desejo manifesto de desestabilizar a vida comunitária de Vila Nova de Anha que goza de paz e tranquilidade. Ninguém anda incomodado com isto, senão essa gente que só augura a discórdia e coloca as pessoas umas contra as outras. Afinal, se existem umas cancelas que sempre tiveram fechadura mas que só há quinze dias se tem usado a chave, se ninguém da freguesia vai ao adro da igreja durante a noite, se até o cemitério se fecha à chave a partir das 22h00, se, como diz a cidadã em causa, até se pode aceder ao respetivo adro galgando o muro, o que é de mau gosto e falta de civismo, até porque o adro é acessível pelas traseiras da igreja, pergunto: que diferença faz, afinal, fechar ou não as cancelas à chave? Nós optamos por fechar. A paróquia de Areosa optou por fechar o portão do adro da sua igreja, outras igrejas por aí afora, que têm adros com cancelas, optaram pelo mesmo. É um sinal de respeito, até porque o adro da nossa igreja paroquial é também cemitério, pese embora desativado há já quase um século.
O Beato Frei Bartolomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga no século XVI (que, à época também o era do território do hoje Distrito e Diocese de Viana do Castelo), nas suas visitas pastorais, obrigava os párocos a construir muros à volta das igrejas paroquiais e colocar cancelas e portões que, fora dos horários de culto, deveriam estar fechadas à chave a fim de evitar a entrada de certos animais nos mesmos, sobretudo vacas e cães. Mais ainda, dava um prazo para a execução, mandava um responsável da Diocese vistoriar e, no caso de incumprimento, punia com pesadas multas.
Não me levem a mal, mas desejo muito a sério que tenhamos todos bom senso e, sobretudo não andem a instigar, a gerar intrigas e mal-estar entre as pessoas da comunidade que goza de concórdia e de unidade, não andem a expor ao ridículo na comunicação social a vida de quem frequenta assiduamente a igreja e que se sente incomodada com estas tiradas de mau gosto e, mais ainda, não exponham ao ridículo a linda terra de Anha e todas as suas gentes que se preparam para celebrar festivamente os seus padroeiros. Mais, desejo que todos tenhamos um “cantinho” no céu! E olhe que lá também há cancelas e portões fechados à chave e o porteiro é S. Pedro, porque a ele confiou Jesus as chaves! Vá lá, façam o favor de ser felizes, deixem os outros trabalhar e ser felizes e não nos incomodem com os seus laivos de insensatez e falta de coragem para dizer cara a cara o que têm a dizer, sem levar a roupa suja para a comunicação social!”