Em Caminha, a cooperativa Ancorensis acaba de anunciar “a cessação imediata da função de ensino” e o despedimento coletivo dos 67 trabalhadores, justificando a decisão com o facto de não ter direito a abrir novas turmas com contrato de associação. Atualmente a instituição de ensino conta com 247 alunos.
Em comunicado, a cooperativa Ancorensis refere que a decisão foi tomada esta segunda-feira, em assembleia geral, explicando que foi decidida a “cessação da prestação de serviços de ensino integrado na rede escolar do sistema nacional de educação”, realçando o facto de irem despedir os 40 professores e os 27 trabalhadores não docentes.
A cooperativa frisa que esta tomada de decisão acontece por causa da “redução de receitas, por via da diminuição do apoio contratual concedido e de turmas” decidida pelo Ministério da Educação, e da “interpretação restritiva dos contratos de associação vigentes, cujos efeitos se consubstanciam na diminuição direta do número de alunos da escola explorada pela Ancorensis”. A nota refere ainda que a cooperativa alertou o Ministério da Educação “atempadamente e em diversas ocasiões”, para as consequências do despacho n.º 1-H/2016, de data de 13 de abril deste ano, e que “impedia a prossecução da atividade de ensino nos vários graus e determinava a situação de insolvência da cooperativa, que não tem meios financeiros para suportar as obrigações que lhe são impostas por via do despedimento coletivo dos seus trabalhadores”.
O comunicado assume o “impacto no tecido social, económico e cultural” que “será sentido em todo o concelho” de Caminha e que “afetará o bem-estar, qualidade de vida e proximidade dos serviços públicos dos cidadãos e seus filhos”. A Ancorensis manifesta ainda preocupação com “ situações dramáticas de desemprego não absorvidas por concelhos já depauperados” e considera que esta decisão “desperdiçará toda a valia e o saber-fazer de um projeto educativo reconhecido por todos”. “A Ancorensis foi abandonada pelo Ministério da Educação indiferente à adoção de medidas adequadas que salvaguardem os interesses de todos os envolvidos, designadamente dos docentes e trabalhadores cujos postos de trabalho se perderão para sempre e que não prescindirão da respetiva compensação, mas sobretudo dos alunos e seus progenitores”, vaticina.
Já a Câmara Municipal de Caminha, liderada por Miguel Alves, já garantiu que vai mobilizar todos os recursos disponíveis para que todos os alunos da Ancorensis possam ter vaga nas escolas do concelho.