Por estes dias, os comerciantes de Viana do Castelo fazem questão de enfeitar as montras a rigor para receber a rainha das romarias. O clima de festa marca por estes dias, na decoração, na música e mesmo na animação, o comércio tradicional vianense, que se associa à romaria e que ostenta orgulhosamente já 200 placas com o slogan “Somos Todos Romaria”.
Na Rua Manuel Espregueira, uma comerciante utilizou a montra para dar “vida” ao cartaz de 2016 da Romaria d’Agonia, que tem duas lusodescendentes no Brasil como protagonistas, recriando o mais simples pormenor. Alexandrina Rodrigues, de 43 anos, proprietária de uma pastelaria no centro da cidade, decidiu surpreender ao recriar na sua montra, fielmente, todos os elementos do cartaz de 2016, dando-lhe “vida”.
“Faço sempre a minha montra da Romaria e este ano decidi recriar o cartaz, porque gostei muito. Além disso, acho que é importante o comércio envolver-se, porque assim é também uma forma de atrair clientes, chamar a atenção, sobretudo quando recebemos nesta altura pessoas de todo o país e do mundo”, explica a proprietária da pastelaria “Princesa do Lima”.
Também o próprio negócio inspira-se na tradição destes dias: “De 19 para 20 de agosto tenho rabanadas fritas, porque é da tradição que na Ribeira se coma peixe frito e rabanadas”, atira Alexandrina Rodrigues.
Pela primeira vez, em 2016, a autoria do cartaz da Romaria da Agonia passa as fronteiras da região e do país tendo sido escolhida a proposta de Anna Galvão, uma designer de moda de 22 anos, natural do Rio de Janeiro com raízes na Madeira. Bárbara Temporão, 19 anos e estudante de direito, também natural do Rio de Janeiro e raízes em Monção, é o rosto do cartaz e da festa deste ano, tendo por isso direito a recriação, em forma de boneco, na montra de Alexandrina.
A VianaFestas, entidade responsável pela organização da Romaria, entrega, como é da tradição, um cartaz, em papel, a todos os comerciantes, como o que orgulhosamente o “Cabeleireiro Retrovisor” também exibe. Joana Pires, de 32 anos, proprietária do espaço, decidiu inovar, transformando a montra numa espécie de homenagem à Ribeira da cidade, recriando os típicos tapetes de sal, um dos grandes momentos da festa.
“Fui eu e o meu namorado que fizemos o tapete, claro que à nossa maneira e com os poucos conhecimentos práticos que temos desta arte popular. Mas com muito amor”, brinca a comerciante, que há nove anos trocou Vila Nova de Famalicão por Viana do Castelo.
“Acho que é importante a envolvência das novas gerações na Romaria e tão importante quanto isso é que quem nos visita sinta que temos todo o espírito desta festa, em todos sentidos e de forma transversal”, afirma.
A Romaria da Senhora d’Agonia remonta a 1772, pela devoção dos homens do mar, que pediam proteção à padroeira. A festa foi crescendo e junta hoje a devoção, a história e a riqueza etnográfica naquela que acabou por se afirmar como “A Romaria das Romarias de Portugal”, atraindo anualmente cerca de um milhão de visitantes a Viana do Castelo, durante vários dias.