No mês de agosto já deverão estar disponíveis para venda os primeiros trajes à vianesa produzidos de acordo com a certificação recentemente adquirida. Maria José Guerreiro, vereadora com o pelouro da cultura na Câmara de Viana, indicou que “a certificação visa preservar, defender, não só os artesãos mas todos os que compram e querem ter um verdadeiro traje à vianesa”. A responsável diz que durante a Romaria d’Agonia costuma receber queixas de que alguns trajes não representam as cores da região, como o cor-de-rosa, e que esta certificação e o Caderno de Especificações deverão ajudar a “sensibilizar” e ter um “efeito pedagógico e didático”.
Este sábado, pelas 16 horas, no Museu do Traje, será apresentado de forma “mais formal” o Caderno de Especificações que deu origem à certificação do traje à vianesa. “Será um momento de apresentação pública desse documento e servirá para respondermos a algumas inquietações e perguntas que a comunidade em geral tenha perante esta questão”, indicou a responsável, tendo convidado associações, grupos folclóricos e autarquias vizinhas para este momento.
Todos os artesãos registados vão receber uma cópia do Caderno de Especificações. A Adere-Minho, através da Adere-Certifica, é a empresa que está já responsável por “vigiar, superintender e coordenar” os processos de produção dos trajes a todos os artesãos interessados na certificação. “Temos cinco ou seis nomes na praça que deverão aderir a este processo de certificação, porque são pessoas já muito sensíveis para estas questões e que fazem gala e questão de ter à venda nos seus espaços produtos de qualidade”, defendeu a responsável.
“É importante que as pessoas saibam que quando estão a comprar estão a adquirir um produto certificado”, indicou a responsável, dizendo que os novos trajes que vão ser produzidos e que vão ostentar uma etiqueta de certificação poderão estar disponíveis para venda já em agosto, para a Romaria d’Agonia. “Para quem compra é um descanso, porque ao comprar, mesmo não conhecendo bem as caraterísticas dos trajes, sabe que obedece às características”, referiu ainda Maria José Guerreiro. “Naturalmente que a venda continua a ser livre, mas o que tentamos é que haja cada vez mais a sensibilidade e que as pessoas saibam o que estão a fazer”, realçou.
“Nas Festas de Nossa Senhora da Agonia encontramos muitos trajes antiquíssimos, tradicionais. Obviamente que não passa pela cabeça de ninguém que as pessoas que têm trajes tradicionais em casa há 80 anos os vão certificar. Não é sobre esses trajes que a certificação vai incidir. A certificação vai incidir na produção dos trajes, nos ateliês, na oficina”, destacou a vereadora.
O pedido de registo do “traje à Vianesa” foi formalizado pela Câmara de Viana do Castelo em junho de 2015. O processo de certificação foi adjudicado pela Câmara Municipal em maio de 2013 à Associação “Portugal à Mão”, por cerca de 24 mil euros. Foi em dezembro de 2016 que foi publicada em Diário da República a certificação do traje à Vianesa, tendo a autarquia garantido, na altura, que a certificação visava “garantir a autenticidade e preservar as tradições”.
O traje assume-se como um símbolo tradicional da região, nas suas várias formas, consoante a ocasião e o estatuto da mulher. Em linho e com várias cores características, como o vermelho e o preto, foi utilizado até há cerca de 120 anos pelas mulheres vianenses.