A vereadora da CDU Ilda Figueiredo despede-se esta quarta-feira da Câmara Municipal de Viana do Castelo, marcando presença numa última reunião do executivo antes de abraçar o desafio de ser candidata do partido à Câmara do Porto. Ilda Figueiredo apresenta hoje o pedido para suspensão de mandato, que deverá ter efeitos praticamente imediatos. A ocupar o lugar da ex-eurodeputada na autarquia vianense fica Cláudia Marinho, que promete “continuar o trabalho que tem sido feito por um coletivo”.
Em conferência de imprensa, esta quarta-feira à tarde, a ainda vereadora fez um “balanço” destes mais de três anos de oposição na autarquia do Alto Minho. A responsável começou por destacar os três anos em que a autarquia liderada pelos socialistas esteve “a marcar passo em termos de obras no concelho de Viana do Castelo”, dizendo que “poucas obras avançaram em cerca de três anos” e referindo os “adiamentos sucessivos de construção, obras de raiz, reparações e equipamentos”.
A vereadora recorda que em 2016 a Câmara de Viana realizou um empréstimo de 3 milhões de euros para lançar obras, repetindo que “esse empréstimo deveria ter sido lançado pelo menos um ano antes, para permitir que as obras avançassem mais rapidamente e mais cedo, em vez de se fazer a população esperar tanto tempo por obras das quais estava carenciada”, destacando obras na cidade, nas grandes freguesias como Darque, Areosa e Carreço, mas também nas freguesias do interior. “Eram questões essenciais, não só de arranjos de ruas, mas também de construção de rede de saneamento, dado que uma boa parte das freguesias do interior do concelho ainda hoje não tem rede de saneamento e a várias está agora a começar a chegar”, indicou.
Ilda Figueiredo destacou alguns dos projetos que apresentou ao longo do mandato e que não chegaram a avançar, como diferentes núcleos do Museu do Mar, uma candidatura para a defesa da arte do estuque e a defesa do espólio dos antigos Estaleiros Navais. Referiu ainda o “sofrimento” que foi “imputado” aos vianenses pelo anterior Governo, causado pelo fim dos ENVC e com a crise que a APPACDM viveu.
A representante da CDU lamentou “ a pouca atenção às propostas que outros vereadores de outras forças políticas apresentaram” ao longo dos três anos e “a pouca atenção às ideias dos munícipes”, que geraram “algumas soluções deficientes e até erradas, que podem ter custos para a autarquia”, apresentando como exemplo o alargamento do cemitério de Darque, questão em que diz haver “teimosia” em não serem ouvidas as opiniões diferentes.
Ilda Figueiredo apresentou como “um último exemplo” da “desvalorização do direito democrático de todos os vereadores eleitos” o facto de a oposição não ter sido convidada para a I Gala do Desporto de Viana do Castelo, que aconteceu na passada sexta-feira, para além de as medalhas atribuídas aos 121 vianenses campeões nacionais ao longo de 2016 não terem sido da Câmara Municipal. “Em Viana do Castelo há um grupo de atletas de grande prestígio, que tem ganho importantes provas e que se tem classificado com resultados dos melhores do país. Eles mereciam um tratamento diferente da Câmara Municipal. As medalhas que receberam deveriam ter sido medalhas da Câmara Municipal, aprovadas numa reunião do executivo municipal, constando da respetiva ata, sendo publicadas e ficando nos anais da vida da Câmara Municipal”, considerou, dizendo que sem esta formalidade foram apenas “medalhas do pelouro do desporto”. “Além de ser um desrespeito para com os vereadores das outras forças políticas (…) é uma desvalorização dos atletas de Viana do Castelo, que mereciam ser tratados com outra dignidade”, acusou a responsável, solicitando que estas medalhas possam ainda ser transformadas em medalhas da Câmara Municipal.
Já Cláudia Marinho, que vai assumir o cargo de vereadora da CDU, referiu que “não vemos isto como uma despedida, mas sim como o continuar do trabalho que tem sido desenvolvido até aqui na Câmara Municipal de Viana do Castelo”. “Este é um trabalho feito por um coletivo”, frisou, prometendo “dar o melhor pelos munícipes”.