O Natal é uma época bastante festiva, com muitas tradições, que tem como particularidade ser uma das raras ocasiões onde pessoas se juntam para celebrar no mundo inteiro. No entanto, o significado do Natal a nível pessoal pode variar: alguns dão mais valor ao aspeto religioso do evento, outros dão mais valor à parte familiar, e há ainda quem esteja mais focado nas prendas ou nos pratos tradicionais.
Por isso, a Rádio GEICE foi à rua conversar diretamente com os vianenses para tentar perceber qual é o significado do Natal para eles, contrastar a forma como o festejam atualmente em relação ao seu passado, e também procurar compreender o que é realmente essencial para que o seu Natal seja devidamente celebrado.
A Importância do Natal
Falando sobre o que o Natal representa para as pessoas, o mais interessante foi ouvir a variedade das respostas dadas. Bastante diversas, estas abrangeram conceitos comuns como o “Amor”, a “Alegria”, a “União” ou a “Harmonia”, e tópicos mais concretos, como o convívio da ceia ou as próprias refeições.
No entanto, apesar da diversidade, uma das respostas mais repetidas durante a reportagem foi “a família”. Todos os entrevistados, sem exceção, referiram a um momento ou outro da conversa a importância da reunião familiar para o serão de Natal. Muitos fizeram questão de sublinhar isso como sendo uma parte fulcral dos festejos. Para muitos, sem esse aspeto familiar, o Natal perderia o seu sentido.
Precisamente por ser algo muito valorizado, a família pode também acabar por ser motivo de mágoa e remorso. Durante as entrevistas, foi possível ouvir alguns desabafos, recheados de tristeza. Nestes casos, essa tristeza é sentida por se ter dado um afastamento entre os membros da família, que tornou as ceias mais pequenas, menos alegres e menos vivas.
Noutros casos, mais emotivos ainda, foram as próprias circunstâncias da vida que tornaram os eventos mais difíceis de lidar. As perdas de familiares comoveram e levaram algumas das pessoas que tomaram parte nesta iniciativa às lágrimas. Nesta época em que se celebra a família, a ausência forçada de próximos é mais difícil de lidar.
O Natal, Melhor Antigamente
Criticou-se de forma unânime o aspeto comercial do Natal, cada vez mais preponderante na sociedade. Na opinião dos entrevistados, este consumismo agressivo está a usurpar o verdadeiro sentido das celebrações do Natal.
Foram muitas as queixas de que este aspeto familiar tantas vezes referido, e tão importante para a maioria, é precisamente o que se está a perder. Os vianenses sentem que a família tem tido cada vez menos importância nas festas em detrimento dos aspetos económicos, tais como prendas e despesas, que ocupam cada vez mais espaço na mente das pessoas.
Por isso, também não é surpreendente perceber que quase todos os testemunhos revelam achar que o Natal era melhor antigamente. Muitos admitiram sentir que o espírito de comunhão entre as pessoas era mais forte no passado, assim como os valores familiares tradicionais.
Mais curiosamente, houve quem revelasse que o Natal perdeu o encanto muito cedo: a partir do momento em que deixou de ser criança. O desaparecimento da magia à volta do Natal amargou um pouco as celebrações anuais.
O Essencial Para o Natal
Questionados ainda sobre o que consideravam ser essencial para passar um bom Natal, os vianenses mencionaram, sem surpresas, a família, o convívio, o amor e a alegria. Essas respostas foram as que mais sobressaíram, mas também houve quem se focasse nos pratos que estarão nas suas mesas.
Se a gastronomia portuguesa já é por si própria rica em pratos tradicionais, a época natalícia merece uma categoria própria, considerando a enorme diversidade de iguarias típicas da temporada.
Ainda assim a esmagadora maioria dos vianenses deram preferência ao bacalhau com batatas como prato principal da ceia e ao bolo-rei como sobremesa de predileção. Também o polvo ou as rabanadas foram mencionados várias vezes, mas nenhum chegou sequer perto dos pratos mais tradicionais. Não sobram muitas dúvidas: nas mesas dos vianenses estarão presentes bacalhau e bolo-rei, garantidamente.
O Natal é uma experiência diferente para cada pessoa, mas também é algo que nos une, não só fisicamente, mas também em espírito. Por mais que todos sejamos diferentes, com diferentes ideias e ideais, somos unidos pelas tradições e pelos valores que temos em estima. Por mais que as prendas, os pratos ou os doces tenham a sua quota parte no evento, é com a família que a maioria quer estar. É um momento de partilha em conjunto que a maioria quer viver, um momento no qual os problemas, as dúvidas e o resto desaparece, onde só interessa os que nos são próximos –presentes ou não.