Perante as cerca de 50 pessoas que assistiram, no Fórum Cultural de Cerveira, à sessão “Ferramentas de Apoio ao Turismo Transfronteiriço”, o Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira sublinhou a consolidação de um projeto de promoção territorial associado ao incontornável mundo digital e à importante acessibilidade turística. “É mais um passo para reforçar a vontade de caminharmos, cada vez mais, hermanados, num trabalho que pretende potenciar um território comum e que deve ser acessível a todos”, disse Fernando Nogueira.
A alcaldesa de Tomiño realçou “um primeiro passo para o reconhecimento mútuo dos recursos do território transfronteiriço”. “É uma forma de colocar as pessoas a conhecerem-se e a debaterem questões conjuntas já existentes, olhando em frente para um mundo de oportunidades que se podem abrir ao território”, elogiou Sandra González.
A aplicação móvel “Turismo Acessível”, já disponível para Android e a aguardar aprovação para o sistema IOS, foi concebida, em conjunto, pela Escola Superior Gallaecia (ESG), a delegação distrital da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal(ACAPO) e a associação galega “Persoas con Discapacidade Vontade”, após ter sido um dos projetos vencedores da edição 2018 do Orçamento Participativo Transfronteiriço Cerveira-Tomiño, num investimento de 10 mil euros.
Teresa Correia, da ESG, explicou que à funcionalidade informativa, esta nova App junta “uma vertente interativa e bidirecional, que permite aos usuários sugerir alterações ou retificações nos percursos”, colocando-a em constante atualização. A aplicação tecnológica, disponível em português e galego, apresenta uma lista descritiva e visual dos pontos mais relevantes de ambos os concelhos (espaços ao ar livre, monumentos, arte, arquitetura, museus e deporto), devidamente acompanhados por uma descrição, de uma explicação da sua envolvência e do grau de acessibilidade quer do estacionamento quer do percurso associado, assim como das próprias instalações sanitárias existentes.
Parceira deste projeto, Catarina Carvalho, da ACAPO, realçou que a especificidade da deficiência visual foi tida em conta na construção da App, pois “colocar fotografias sem uma descrição pormenorizada não era de todo um método acessível ou inclusivo”. “Tinha de ser uma aplicação com muita informação, pois para quem vê pode achar que é demasiada, mas é a necessária para quem tem deficiência visual e se quer deslocar aos locais propostos para visitação”, sublinhou. Por sua vez, Miguel Pazo, da Asociación Vontade destacou a “maior consciência que hoje os municípios têm para a adaptação de espaços públicos para todos os cidadãos”.
Guia para promoção do setor turismo e não um guia turístico
O turismo de Cerveira-Tomiño constitui-se como uma atividade económica com grandes potencialidades empresariais e laborais. As tendências atuais do turismo obrigam a novos conteúdos e experiências que requerem a promoção de uma utilização sustentável deste território ribeirinho baseado nos seus recursos endógenos.
Simultaneamente à App “Turismo Acessível” foi ainda apresentado um guia para a promoção do turismo de Cerveira-Tomiño, resultado de 18 meses de trabalho conjunto em prol da melhoria da divulgação e da promoção da competitividade do setor, através da compilação dos principais recursos naturais, culturais e patrimoniais de ambos os municípios, com vista ao desenvolvimento sustentável de um território comum.
Com uma forte metodologia participativa, a elaboração deste guia permitiu que, pela primeira vez, muitos agentes turísticos de ambos os concelhos se conhecessem e se sentassem à mesma mesa para convergir ideias e perspetivas, em torno de elementos relevantes e confluentes do turismo neste território, com destaque para o setor industrial do lado de Vila Nova de Cerveira, e o setor agrário, incidindo na produção de plantas ornamentais, do lado de Tomiño.
Não obstante, a publicação bilingue apresenta ainda um conjunto de boas práticas no setor como ferramenta de gestão ambiental e cultural, gestão empresarial, social e a qualidade turística e o desenvolvimento sustentável, complementado por uma check list para cada agente turístico avaliar o nível de conhecimento.
A sessão de trabalhos ainda contou com a apresentação da Marca Rio Minho no âmbito do projeto Smart Minho, e do conceito transfronteiriço como valor turístico.