Outrora, o prédio tinha como função no rés-do-chão o comércio e no andar a habitação. Atualmente, estava num estado de degradação muito avançado praticamente em ruínas.
Simples e contemporânea foram dimensionados os fogos de habitação com ambientes confortáveis e aconchegantes. Foi privilegiado a iluminação natural aos novos espaços. Em algumas compartimentações, as paredes foram interrompidas antes do teto, favorecendo desta forma a expansão da luz na superfície do apartamento.
Todo o seu interior predominantemente de cor branca é contrastado pelo acabamento da madeira envernizada no piso.
Aplicando as técnicas construtivas originais, foram recuperadas as alvenarias de pedra e estruturalmente foi utilizada a madeira na materialização e valorização dos pisos e da cobertura.
Em termos de alçados, fundamentalmente preservou-se a fachada principal, uma das poucas paredes e paramentos praticamente inalterados, destacando-se a cantaria e as três gárgulas existentes.
No rés-do-chão a entrada de viaturas já existia, tendo sido reinterpretada através de portas gradeadas criando transparência e amplitude.
A fachada tardoz, em ruína foi reerguida dentro do possível, na qual foram criados ritmos de vãos análogos à linguagem preexistente do edifício.
Analisadas as peculiaridades da preexistência e numa busca de um equilíbrio entre o existente e o novo, o resultado foi uma cuidada e sensível inserção no seu contexto urbano, afastando o inapropriado para introduzir a essência do original.
Em termos cromáticos a cor azulada conjugada com a cor castanha veio dar uma nova identidade e contemporaneidade.
Fotos: © João Morgado – Architecture Photography