Pisko apressa-se a dizer que o protocolo de proteção “não quer dizer que o risco de contágio seja grande”. “Temos cuidado, é verdade, mas a clínica está organizada para atender sobretudo doentes sem sintomatologia do novo coronavírus”, explica, adiantando que são realizados vários tipos de exames, desde os mais simples, como radiografias, aos mais complexos, como TAC e ressonâncias.
“Temos acordos com hospitais muito concorridos [do Grande Porto] e alguns estão em risco de esgotarem a sua capacidade. Esses hospitais reencaminham para nós os pacientes não associados à Covid-19 que precisam de fazer exames. Estamos numa espécie de segunda linha da doença”, acrescenta a jogadora.
A internacional portuguesa, que se sagrou vice-campeã da Europa de futsal feminino em fevereiro de 2019, admite que “é possível atender alguém assintomático que possa ter desenvolvido a infeção”. “Cada paciente é um risco potencial. Ainda assim, o risco não se compara ao de outros circuitos de saúde”, esclarece, contando que atendeu um doente “cujo resultado do exame o tornou suspeito de infeção”.
“Para mim, isto é um desafio com o qual tenho de lidar. Não vale a pena dramatizar a situação. Estou habituada a superar dificuldades na vida e a conciliar mil coisas. Ainda há pouco tempo, tinha a pressão de ganhar jogos aos fins de semana, arranjar tempo para os compromissos da Seleção e ainda trabalhar todas as semanas na clínica”, atira.
Quando pensa em heróis da pandemia, “os que se expõe completamente ao perigo”, a ala do Santa Luzia lembra-se de imediato de Inês Fernandes, capitã do SL Benfica, sua companheira na Equipa das Quinas e médica num hospital da capital. “Dureza é o que ela vive diariamente. Está mesmo na primeira linha, a bater o pé sem parar à doença. Como trabalha nos cuidados intensivos, vive a pandemia com intensidade e tem uma visão pormenorizada das coisas. Tenho falado muito com ela e confesso que me ajuda a perceber melhor este mundo novo.”