“A ligação não é retomada pela sua importância, ou porque a Renfe acredite nela. A ligação só é retomada porque, nos últimos 20 dias, o Eixo Atlântico andou a fazer pressão. Escrevemos à Renfe. Fizemos contactos com a CP. Aceitaram retomar a ligação, embora com redução no número de viagens. A responsabilidade é das duas operadoras, mas principalmente da Renfe que não estava muito disposta a avançar”, afirmou Xoan Mao.
As ligações ferroviárias entre Portugal e Espanha estão suspensas desde 17 de março, altura em que encerraram as fronteiras terrestres.
Apesar de terem sido reabertas as fronteiras terrestres no dia 01 de julho, o serviço ainda não foi reposto, estando dependente de decisão das duas operadoras.
Xoan Mao alertou “os dois Governos para a necessidade de serem tomadas decisões sobre as duas companhias públicas para que situações como esta não voltem a acontecer”
“Os Governos dos dois países têm de exigir às empresas públicas que isto não volte a acontecer e que a linha seja reposta nas condições em que funcionava antes da pandemia de covid-19. A pandemia não pode ser uma desculpa para se cometerem asneiras, por interesses económicos”, atirou.
Para Xoan Mao, o funcionamento da “única ligação ferroviária” entre o Norte de Portugal e a Galiza, região com mais de dois milhões de habitantes, tem de ser um dos temas da agenda da próxima Cimeira Ibérica.
“Isto é um assunto que tem de ser discutido na próxima cimeira ibérica para que nunca mais volte a acontecer. Estamos a falar de duas companhias públicas, propriedades de dois Governos, que colocaram todas as dificuldades ao retomar de uma ligação absolutamente essencial para as duas regiões. Estamos a falar de duas companhias públicas, propriedade dos Governos, paga pelos impostos dos contribuintes, incluindo os ordenados dos seus presidentes. Mesmo assim tivemos de estar a pressionar para que a ligação fosse retomada”, reforçou.
O presidente da Câmara de Viana do Castelo considerou ser uma “boa notícia” para o turismo e para o setor empresarial, apesar de admitir, numa nota hoje enviada às redações, que o comboio Celta funcionará “com redução no número de viagens”, depois de cinco meses de paragem devido ao fecho das fronteiras entre os dois países.
“O comboio Porto-Vigo volta a funcionar a 16 de agosto com metade das viagens, fazendo apenas as ligações que saem de manhã. No sentido Porto-Vigo, o Celta número 421 vai partir de Porto-Campanhã às 08:13 e chegar a Vigo pelas 11:35 (hora espanhola); na direção oposta, o Celta número 420 vai sair de Vigo às 8:58 (hora espanhola) e chegar a Porto-Campanhã pelas 10:20”, especifica a nota.
O autarca socialista José Maria Costa explicou, citado no documento, que a ligação “é fundamental para toda a dinâmica turística e empresarial do Norte de Portugal e da Galiza”.
“Era uma necessidade. Precisávamos de um comboio mais moderno, com melhores condições para os passageiros e com um tempo de viagem mais curto, mais adaptado ao século XXI, para nos dar garantias de uma boa ligação entre o Norte de Portugal e a Galiza”.
“Se a Galiza fosse um país, era o oitavo país no que toca ao destino das nossas exportações. É para lá que grande parte das nossas empresas do setor automóvel está a produzir peças e componentes”, insistiu.
Com partidas diárias, o comboio Celta, que é operado pela CP em conjunto com a Renfe, iniciou a sua atividade em julho de 2013, assegurando uma ligação rápida entre Vigo e Porto, com paragens em Valença, Viana do Castelo e Nine.
Esta ligação veio permitir percorrer os 175 quilómetros que separam as cidades em duas horas e 15 minutos, quando anteriormente a ligação demorava mais de três horas.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 754 mil mortos e infetou quase 21 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.772 pessoas das 53.783 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.