Em declarações, Fernando Curto, presidente da ANBP, referiu que este ano as comemorações do Dia Nacional do Bombeiro Profissional – evento instituído em 2008 – tiveram que ser mais “recatadas” por estarem condicionadas pelos constrangimentos causados pela de covid-19.
Assim, e de acordo com informações prestadas pela ANBP, a cerimónia, que se realiza todos os anos a 11 de setembro em memória dos profissionais que morreram no ataque às torres gémeas de Nova Iorque, teve uma assistência composta apenas pelos elementos em número permitido pela Direção-Geral da Saúde.
Ao assinalar o dia, a ANBP prestou “homenagem aos bombeiros que faleceram no exercício das suas funções, onde se incluíram os que já este ano morreram no teatro de operações” de combate aos incêndios florestais.
A cerimónia solene, em que foi colocada uma coroa de flores numa pira de homenagem, serviu ainda, segundo a ANBP, para lembrar ao Governo e entidades competentes aquelas que continuam a ser as reivindicações dos bombeiros profissionais.
“Os bombeiros sapadores continuam à espera que seja feita uma revisão nas condições da aposentação. Não podem continuar a reformar-se aos 60 anos e deverá ser contemplada uma pré-reforma aos 55 anos ou uma situação de pré-reserva de forma a salvaguardar a vida do profissional e a operacionalidade do corpo de bombeiros”, alega a ANBP.
Paralelamente, a associação defende que para os bombeiros profissionais das associações humanitárias exige-se “uma carreira definida, que dignifique as suas funções”, enquanto para os sapadores bombeiros florestais exige-se uma “carreira de sapador bombeiro, para salvaguarda dos seus direitos no exercício da sua profissão”.
Por outro lado, os profissionais da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) da Federação Especial de Bombeiros (FEB), do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) e Centro Nacional de Operações de Socorros (CNOS), como elementos essenciais na prestação de socorro a nível nacional, devem ter uma “carreira única e ver fechado, de uma vez, o processo da PREVPAP (precários do Estado)”.
A ANBP reclama que é ainda necessário clarificar a posição assumida pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) em relação à celebração dos acordos de empresa com as associações humanitárias de bombeiros, uma vez que se mantém um impasse que está a condicionar a melhoria das condições de trabalho e salariais dos profissionais que trabalham nestas instituições.
“Em dia de homenagem a todos os que se dedicam a esta profissão, torna-se fundamental recordar os mortos, mas também salientar que aqueles que ainda lutam pela defesa das populações e dos seus bens necessitam de melhores condições de trabalho e de carreira para continuar a servi-las”, salienta a ANBP presidida por Fernando Curto.
Acerca da tragédia que vitimou profissionais em serviço, a ANBP considera importante que os inquéritos instaurados para apurar as causas de morte dos bombeiros no teatro das operações nos incêndios deste ano tenham conclusões e que estas se tornem conhecidas.
“É necessário explicar a razão pela qual contabilizamos, já este ano, cinco mortos entre os bombeiros, sem que nenhuma razão plausível seja apresentada. Terá a situação de constrangimento, imposta pela covid, condicionado a formação ou treino dos bombeiros para fazer frente à época de incêndios?”, questiona a ANBP, prometendo que esta e outras perguntas serão colocados brevemente numa reunião com a tutela governamental.