O filme, que foi digitalizado e restaurado “sob o olhar atento da realizadora”, será exibido na secção “Tesouros e Curiosidades” deste festival de Lyon, dedicado ao património cinematográfico, honrando a ligação do evento aos irmãos Lumière, pioneiros na história do cinema.
“O movimento das coisas” é o primeiro e único filme de Manuela Serra, um “documentário poético”, como descreve a Cinemateca Portuguesa, sobre o quotidiano da comunidade rural de Lanheses, no concelho de Viana do Castelo.
A película filmada em Lanheses, entre os anos de 1979 e 1980, pela cineasta Manuela Serra e que nunca chegou a ser comercializada, recebeu vários prémios em vários festivais de cinema. Uma visão de Lanheses e das vivências das gentes desta comunidade, quando Portugal vivia os primeiros anos de liberdade, conquistada com a revolução de Abril, e fundamentalmente, quando em Lanheses a ruralidade e a vida simples no campo marcavam o quotidiano da comunidade sendo a palavra “progresso” uma miragem no horizonte.
A produção do filme demorou vários anos e teve uma estreia premiada no Festival de Mannheim, na Alemanha, na década de 1980, e depois em Portugal, no Festróia, mas a obra nunca chegou ao circuito comercial português.
Manuela Serra nasceu em Lisboa, em 1948, estudou cinema em Bruxelas, mas rumou a Portugal logo depois da Revolução de Abril de 1974. Foi assistente de realização e montadora do filme “Deus, Pátria, Autoridade”, de Rui Simões, e uma das cofundadoras da cooperativa VirVer.
Numa entrevista publicada no Jornal dos Encontros Cinematográficos, em 2011, Manuela Serra explicava que abandonou o cinema nos anos 1990.