Numa declaração na comissão permanente, órgão que substitui o plenário da Assembleia da República em férias, o deputado social-democrata Ricardo Baptista Leite disse recusar a “guerrilha entre partidos” por causa da pandemia, prometeu o combate a “um inimigo comum” e estar “sempre do lado das soluções”.
“A única forma” de ultrapassar o medo da sociedade, passa por “tudo fazer, desde já, para controlar a covid-19, sobretudo no outono e inverno que se aproximam”, argumentou o deputado, recusando que se faça uma “avaliação política” do executivo socialista.
E a pandemia, avisou, “não se controla com discursos”, “não se resolve com retórica”, disse.
Deixou, porém, uma série de advertências ao Governo do PS, exigindo mais ação e decisões, acrescentando que “não basta dizer que o país não pode voltar a fechar ou que o país não aguenta um novo confinamento”, como tem feito o primeiro-ministro, António Costa.
“Se não se controlar o vírus, bem podem manter as portas das escolas abertas, os pais manterão os filhos em casa. Se não se controlar o vírus, bem podem manter os comboios a funcionar e os aviões a voar, os passageiros não aparecerão”, exemplificou.
Para Ricardo Baptista Leite, é preciso “reforçar o dispositivo de saúde pública para identificar em tempo real, e testar massiva e sistematicamente, toda a população afetada”, a começar por quem teve “contacto direto com pessoas infetadas, mesmo que sejam assintomáticas”.
É preciso “garantir que todos os infetados e suspeitos sejam efetivamente isolados por 14 dias”, nem que para isso seja necessário requisitar “os hotéis que estão vazios”.
É preciso ainda, afirmou, “vacinar urgentemente a população com a vacina contra a gripe e com a vacina contra as pneumonias”, já “a partir da próxima semana” e não “daqui a dois meses”.
O deputado terminou o discurso com um apelo aos portugueses, para que continuem a tomar medidas preventivas, como o uso de mascara e a desinfeção das mãos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 904 mil mortos e quase 28 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.852 pessoas dos 62.126 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.